terça-feira, 5 de janeiro de 2010

MUITO QUIETINHO

A ser verdade o que o velho esteve para ali a contar,ele deve ter passado um muito mau bocado,em certo passo da sua vida. É que participou na criação de um posto médico. Os trabalhos,e aflições,que aquilo lhe deu,tanto mais que ele também tinha de estudar.Para começar,a escolha do esculápio. Estiveram vários interessados no anúncio que saiu nos jornais. A vida estava difícil,sabem. Um sarilho, que não há meio de se ir embora. Mas só um é que podia ficar,claro. A escolha parece ter sido acertada,pois entrou novo,e disse adeus quando já era quase um velhinho. Os outros é que não estiveram pelos ajustes.E choveram cartas,algumas de má catadura,até com ameaças disto e daquilo. Mais um sarilho,dos grandes. O moço não sabia onde se meter,e ele que tinha tanto para estudar. Felizmente que os preteridos tinham também a sua vida,pelo que se foram esquecendo,a pouco e pouco. Mas o caso esteve feio.Além do médico,houve as compras a fazer,marquesa,armário,mesa,cadeiras,primeiros socorros,coisas assim. Pois foi o moço que disso se encarregou. Podia ter nascido aqui outra encrenca,por não se ter feito concurso. Não lhe foi difícil,porém, esta tarefa,visto ter batido a uma porta de nome bem sonante,já muito batida nestes fornecimentos.Depois,para compor o ramalhete,uma pessoa muito importante não ficou nada satisfeita com o andamento da doença do filho. A constipação não havia meio de curar e a culpa era do médico. Quis levá-lo a tribunal.Outro sarilho,para o médico e para ele.Enfim,quando se viu livre daquela função,nem queria acreditar. Vá la uma pessoa querer ser útil. O melhor é ficar lá muito quietinho ,num canto muito escondido,de maneira a não darem por ele.

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