terça-feira, 31 de março de 2009

MAIS UMA FLOR

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Título do autor
Perto de Nisa
Do blogue OLHARES DA NATUREZA,de ARMANDO GASPAR

domingo, 29 de março de 2009

TUDO INTERESSES

O caudal de vinganças que corria por ali. Aquilo era mesmo um dilúvio,sem tirar nem pôr.
Podia dizer-se que nunca se vira uma enxurrada assim,de levar tudo a eito,casas até,mesmo as de alicerces mais fundos,mais sólidos. Não havia nada a fazer,apenas esperar que o mal passasse,que tudo tem o seu termo,mais tarde ou mais cedo,o que é preciso é ter paciência,se ainda restar alguma.
E toda essa desgraça porquê? Que teria acontecido para que tal se tivesse produzido? Era o que se pensava por ali,pensava e repensava. Depois de muito se pensar,alguém,nunca se soube quem fora,veio com uma razão,que rapidamente foi aceite por ser óbvia,só que mais ninguém se tinha lembrado dela. Coisas que acontecem,com cara de misteriosas,mas que de mistério nada têm.
Tratava-se,simplesmente,de uma questão de interesses,que tinham sido muito prejudicados,lá no entender do interessado. E quando os interesses são assim beliscados,aqui d'el-rei,que isto tem de levar uma grande volta. E iria saber o inimigo com quem se tinha metido. O inimigo iria ficar num trapo,feito lixo,que nem para adubo serviria. Neste caso,um caso raríssimo,não foi tida nem achada a alma,pois nela não se acreditava. Era tudo matéria,tudo interesses.

terça-feira, 24 de março de 2009

CASTELO DE AMIEIRA DO TEJO

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiq92L0tyn274Z7spZlNbfkDVgjhW3-l3PtAGwXXA-vmY5ax9UiWZxmOCG1TDFMv_uX4fVDhf8ZHj2WND_GMxSbKUJVN2vH9w_sSc6F1NxwD_jlmWXIhhwsgHrUi9UOsU37ZaGGs1Mwehyphenhyphen/s1600-h/P2280067-a.jpg

O TIO CHICO

O velho tinha razão para estar preocupado. Volta não volta,dava-lhe para inspeccionar a ponta da bengala. Tenha cautela,pois parece que ela já não é de confiança. Tem razão,mas sabe,
acostumei-me a ela. Comprei-a,há uns anos, numa feira,a feira de Santiago,lá para o Norte. Mas estou a ver que tenho de arranjar outra.
E ali se pôs à conversa. Tivera taberna ali perto,mas a coisa já não dava,e também estava sem paciência. Dera para juntar alguma coisa. Até comprei para aí uns andares. Um deles é numa praia,aqui perto. De vez em quando,vou até lá. Têm de me levar,pois já não guio.Mas quando podia,fui muitas vezes lá à terra. Até fixei os quilómetros,cento e quatorze. Aquilo não falhava. Agora,parece que fica mais perto,pois há uma estrada nova.
E ali continuaria,só que apareceu gente que ele conhecia muito bem,talvez por ser um antigo fiel frequentador da sua taberna. Olá tio Chico,como vai?

BADEN - BADEN SPA

http://www.baden-baden.de/en/spahealthbeauty/indexc.php?content=/content/00573/indexen.html&nav=361

MONT SAINT-MICHEL

http://en.wikipedia.org/wiki/Mont_Saint-Michel

http://www.flickr.com/photos/landscape_photography/275151373/sizes/o/

MURALHA DA CHINA

http://pt.wikipedia.org/wiki/Muralha_da_China

http://www.flickr.com/photos/chanc/2424798123/sizes/o/

http://www.flickr.com/photos/gmetrail/2287752903/sizes/l/

domingo, 22 de março de 2009

FONTE - ÁLVARO GIL

Amieira do Tejo
Título do autor
Do blogue OLHARES DA NATUREZA,de ARMANDO GASPAR

sábado, 21 de março de 2009

PALÁCIO DOS CONDES DE FARROBO,LISBOA - PORTUGAL

http://www.flickr.com/photos/biblarte/2783826067/sizes/l/in/set-72157606827066462/

PALÁCIO DOS MARQUESES DA FRONTEIRA,LISBOA - PORTUGAL

http://www.flickr.com/photos/biblarte/2777864775/sizes/l/in/set-72157606827066462/

PALÁCIO PALMELA,LISBOA - PORTUGAL

http://www.flickr.com/photos/biblarte/2777660919/sizes/l/in/set-72157606827066462/

PALÁCIO DAS NECESSIDADES,LISBOA - PORTUGAL

http://www.flickr.com/photos/biblarte/2778523562/sizes/l/in/set-72157606827066462/

PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA,LISBOA - PORTUGAL

http://www.flickr.com/photos/biblarte/2777975653/sizes/l/in/set-72157606827066462/

DEEP - SEA CREATURES

http://news.nationalgeographic.com/news/2006/05/photogalleries/sea-bugs/

MENINA E MOÇA,DE BERNARDIM RIBEIRO,NA UNIVERSIDADE DE HARVARD(EUA)

http://lms01.harvard.edu/F/S61N828E8NBXY2N92RD2J9TGAESCIDH8RNLYMBVSPKTKRG8F9S-07534?func=find-b&find_code=WRD&request=bernardim+ribeiro&adjacent=1

sexta-feira, 20 de março de 2009

RUA DO ADRO - AMIEIRA DO TEJO

Do blogue OLHARES DA NATUREZA,de ARMANDO GASPAR

Título do autor

TRANSGENIC RICE

http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B83VY-4N13BB8-1&_user=10&_rdoc=1&_fmt=&_orig=search&_sort=d&view=c&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=67550e7c74eef447b3eea0c03033ba59

PATTERNS IN NATURE : FLOWERS

http://photography.nationalgeographic.com/photography/photos/patterns-flowers.html

UM DIA DE PRIMAVERA

Estava a família,de novo,reunida. Ela ainda conseguira recuperar da doença que a minava,que a consumia,o que bem se via,na sua magreza,na sua palidez extrema.
Era meio-dia,de um dia lindo de primavera,pelo que tudo convidava a deixar a toca. Tinham acabado de sair dela,uma toca que lá vai teimando,apsar do caruncho,apsar,sobretudo,de dois incêndios,que a deixaram ainda mais alquebrada.
Saiu ele,primeiro,com o seu grande cão negro,saiu ela,depois,com o seu grande cão branco,que se lhe adiantou,pois não podia mais. E ali mesmo,em pleno passeio,aliviou-se. Mas por muito pouco tempo,uns segundos apenas,lá ficou o presente exposto,que ela,pressurosa,não permitiu,era feio,muito feio.
E para que outros aprendessem, ela atravessou, rapidamente, a rua, muito movimentada,abriu o saco-mala,tirou de lá um saquinho negro,de plástico,e,como mandam as boas regras,enfiou nele o presente do seu cão,que foi logo depositar no contentor ali perto.
E lá foram os quatro,como de outras vezes,tratar da vida,que se fazia tarde,que ela,a vida,não está para brincadeiras. Voltariam,lá pelo fim do dia,depois de terem tratado dela,da vida que lhes coubera.

quarta-feira, 18 de março de 2009

TROVANTE - PERDIDAMENTE

http://www.youtube.com/watch?v=8E775P5HQRU

HOLY ROMAN EMPIRE

http://www.answers.com/topic/holy-roman-empire

CORTE DE PÊLO

Tivera de sair,que o seu cãozinho precisava de dar uma volta. Era isto todos os dias,mesmo quando chovesse.E a primeira coisa que o animalzinho fez foi procurar a primeira árvore,já sua muito conhecida,que ele estava ali que não podia mais. Anda daí,pois estava a demorar.
Então,é o seu grande e fiel amigo? Diz bem,é o meu melhor amigo. Nunca me diz que não e nunca nos zangámos. Ele também sabe-se comportar com deve ser,não há igual.
Não lhe falto com nada,não tem de se queixar. Ainda ontem fui com ele ao veterinário,por causa de uma mordidela de um mau irmão seu. Lá se foram trinta euros,mas bem empregados,
coitadinho,que ele lastimava-se muito. Ainda não há uma semana batera lá à porta do médico para lhe cortar o pêlo que já andava muito crescido. Mas ele merece todos os gastos que eu tenho com ele. Faz-me muita companhia.
Depois,é muito assiadinho. Sabe-se conter,guardando-se para melhor altura,que lá em casa não pode ser,para não sujar. Tem a rua,os passeios,e demais sítios,que ele bem conhece. Está ali que parece uma pessoa. Só lhe falta falar. Tenho de ir,até outro dia.
.

terça-feira, 17 de março de 2009

SER POETA

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens ! Morder como quem beija !
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor !

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer quem se deseja !
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor !

É ter fome, é ter sede de Infinito !
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito !

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente !

FLORBELA ESPANCA
Sonetos
35ª Edição
Bertrand Editora
2005

CONSECRATION OF THE EMPEROR NAPOLEON I AND CORONATION OF THE EMPRESS JOSEPHINE - JACQUES-LOUIS DAVID

http://www.abcgallery.com/D/david/david10.html

FLORBELA ESPANCA VISTA POR JOSÉ RÉGIO

"...Assim sempre quis mais,não podendo contentar-se com nada que tivesse - por isso nada chegou a ter : ninguém chega a ter o com que se não contenta. Florbela não era dos que nascem para ter. "Ter é tardar", disse Fernando Pessoa,erguendo neste verso a bandeira dos pobres por opulência. E Mário de Sá-Carneiro : " Morro à míngua - de excesso." Florbela não tardou,não teve. Morreu à míngua - de excesso. Então,por uma reviravolta do Prisma,tem o que afinal sonhara menina :

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo!

O seu nome é hoje glorioso,e a sua glória não é das que duram o dia em que nascem."

FLORBELA ESPANCA
Sonetos
35ª Edição
Bertrand Editora
2005

segunda-feira, 16 de março de 2009

PATRIMÓNIO RURAL - CASTELO DE VIDE

http://www.cm-castelo-vide.pt/pdf/património%20rural.pdf

GALERIA DE FOTOS - MARVÃO

http://www.cm-marvao.pt/

GALERIA DE SMITHSONIAN INSTITUTION

http://www.flickr.com/photos/smithsonian/

PAZ DEFINITIVA

Como as coisas podiam mudar tão radicalmente. Já não era pela calada da noite,já não era em segredo. No tempo triunfante de novíssimas tecnologias, tudo, naquela altura, era às claras.E isto para um qualquer.
Anunciava-se,com muita antecipação,eles lá sabiam porquê e para quê,aos quatro ventos,todos os pormenores da acção,o dia, a hora,o número de pedras envolvidas,a cifra dos meios ultrasofisticados. Chegava-se ao preciosismo de indicar quantas caixas eram precisas para as remessas. Nada escapava. Era claro,que, por trás de tudo aquilo,convinha não esquecer,estavam os tais meios nunca vistos. Sem eles,seria impossível lidar com tantas variáveis.
Assim,era,de, irresistivelmente,bater palmas,até cansar,e de ficar estarrecido com tanta maravilha,com tanta franqueza,com tanta abertura. Não se poderia dizer,depois,que não tinha sido dado aviso do que se iria passar.
Estava-se,assim,muito a tempo,para se procurar recato. Mas para o comum dos mortais,o problema não era o tempo,mas onde o encontrar. Talvez nos polos,e mesmo assim,com os olhos bem abertos,visto que por lá aquilo também não andava muito seguro. Pelo andar das coisas,era muito provável que só noutra galáxia morasse o sossego,a paz definitiva.

domingo, 15 de março de 2009

ANDY WARHOL IN ARTCYCLOPEDIA

http://www.artcyclopedia.com/artists/warhol_andy.html

PARQUES NACIONALES : QUETZAL

http://www.flickr.com/groups/quetzales/pool/

CAVERN OF CRYSTALS GIANTS

http://ngm.nationalgeographic.com/2008/11/crystal-giants/shea-text

O PÃO E A CAMA

Dizia ele que se entregara nas "Mãos de Deus". Parecia querer, com isto, significar que acreditava na Sua Existência. E por ser assim,bastar-lhe-ia,no seu entender,o pão que comia e a cama onde se deitava,para além,claro,de uns acrescentos,que,vistas bem as coisas,não eram nada para deitar fora,ainda que não fossem uns luxos,nem ele estava para extravagâncias,que era como ele os classificava,os tais acrescentos.
No fundo,no fundo,estaria também confiante de que esse pão e essa cama nunca lhe faltariam,bem como os acrecentos,que não podem ser esquecidos. Mas se um dia, um supor,não os viesse a ter,sabe-se lá porquê,era ele muito bem capaz de se zangar com Deus,ou até mesmo deixar de crer na sua existência. Enfim,assim,quase, como com os amigos,amigos,negócios à parte.

sexta-feira, 13 de março de 2009

BICHOS MAUS

O Homem pode ter sido feito à imagem do que se quiser,mas menos de Deus. Deus não tem,não pode ter nada a ver com o que o Homem tem de mau. Isso é com o Homem,e com quem se entender. Estaria o Homem bem arranjado se Deus tivesse traços de maldade,nem alma se lhe aproveitaria.
O Homem é mau sabe-se lá porquê. É capaz de ser por causa dos bichos maus de que teve de fugir a sete pés,refugiando-se nas cavernas,lá muito para os fundos,onde a luz não chegava,ou então,trepar às altas árvores. Se assim não fizesse,e bem depressa,estaria bem arrumado. Convivendo com eles,aprenderia bem a lição. Se reprovasse,já sabia que não dispunha de outra oportunidade. Era o tudo por tudo.
Mas porque é que houve,e há,bichos maus? Boa pergunta. Só Deus pode responder,mais ninguém. Só Ele é que sabe,pois foi Ele que fez ISTO TUDO.

ACTITUD DE RENUNCA

http://www.ciudadseva.com/textos/cuentos/otras/anon/india/actitud.htm

JÚLIO DINIS

"Foi simples,foi inteligente,foi puro. Trabalhou,criou,morreu. Mais feliz que nós,tem o seu destino afirmado,e para ele resolveu-se a questão."

EÇA DE QUEIROZ
Uma Campanha Alegre
De "As Farpas"
Volume I
Lello & Irmão - Editores
1979

PÔR DO SOL


Do blogue OLHARES DA NATUREZA,de ARMANDO GASPAR

Título do autor

quinta-feira, 12 de março de 2009

NASA HUBBLE GALLERY

http://hubblesite.org/gallery/album/entire

ATÉ LOGO

Não iam para a Índia,como fora,pela primeira vez, o Vasco da Gama,mas sim para muito mais perto,repetindo,até,o que outros já tinham feito,mais canto,menos canto. Não iam de caravela,
mas sim em veículos de todo-o-terreno. O local da partida é que era o mesmo. É um local simbólico,carregado de história,propiciador de novas gestas.
À semelhança do que acontecera com a viagem do Gama,veio muita gente assistir à largada.Era um mar de gente. Seria de curiosos a maioria,mas também lá estariam familiares e amigos a dizer adeus,tal como no passado
Ao contrário,porém,do que então sucedera,não se viam lágrimas. Alguns perigos correriam,é certo,mas nada como o das águas e das terras desse remoto tempo. E depois,era uma aventura de apenas uns escassos dias. Em vez de adeus,poderiam ter dito até logo.

BBC TYNE - A YEAR IN PICTURES

http://www.bbc.co.uk/tyne/in_pictures/your_galleries/monthly_galleries/

quarta-feira, 11 de março de 2009

VIDAS LUSÓFONAS

http://www.vidaslusofonas.pt/index.htm

FOLHAS MORTAS

É assim todos os anos. Chegada altura,lá começam as folhas a cair. Cumprida a sua obrigação,
ficariam lá em cima,nos ramos,como que a mais. Têm de dar lugar a outras,que,a seu tempo,hão-de aparecer. É a vida,vão-se umas,vêm outras.
Fica o chão coberto delas,de folhas mortas. Lá no campo,onde elas verdadeiramente pertencem,é isto uma coisa natural,um encerrar de ciclo. Regressam à terra,de onde,em grande parte,vieram,reforçando o alimento das que se lhe seguem.
Nas ruas,nos jardins é outra coisa,é uma coisa feia. E porque assim é,têm de ser removidas. É quase um trabalho inglório,pois não caem todas de uma vez. E é ver o trabahão que aquilo dá. Durante dias,é tarefa para um batalhão de gente,e ainda bem,dirão os que disso se encarregam. Mas a máquina espreita. E é ver em locais mais abonados o serviço que vão prestando vassouras mecânicas. Folgarão uns,entristecerão outros,por óbvias razões. É a vida,vão-se uns,vêm outros.

terça-feira, 10 de março de 2009

CAPOLO AO LONGE

Descera-se o Longa,em batelão, até uma ponte de barcaças,até à estrada que levava a Capolo,lá ao longe. Apenas um jovem crocodilo,apanhando banhos de sol,se dignara aparecer. Uma íngreme encosta revestida de mamoeiros deu as boas vindas.

http://www.fallingrain.com/world/AO/6/Capolo4.html

AQUI HÁ UNS BONS ANOS

O rio Longa vê-se bem,mas o rio Nhia mal se vê. Foi por aqui,nas vizinhanças do encontro dos dois rios,que,há uns bons anos,se andou a fugir de pacaças. Crocodilos e gibóias também por lá faziam a sua vida,mas não se dignaram aparecer.
Muito buraco se fez por ali,a bisbilhotar a terra,e muitos saquinhos dela se encheram, para a analisar. Porque,antes,houvera inundação séria,áreas ensopadas não faltavam,o que obrigou ao uso de trado para ver de que natureza a terra era. Uma lástima aquelas mãos.
Dessa passagem,ficou a recordação das águas esverdeadas dos dois rios,onde se espelhavam palmeiras e bananeiras,ficou a lembrança dos crepúsculos fugidios,de tons violáceos,ficou o respeito pelos embondeiros,essas figuras tutelares.

http://www.fallingrain.com/world/AO/19/Fazenda_Longa.html

domingo, 8 de março de 2009

UM DECANO

Disse que tinha cinquenta anos. A cara era magra e o resto do corpo ia pela mesma. Naquela manhã de um Dezembro muito frio,estava ali,em local,no geral, muito concorrido,a tentar ganhar uns cobres,arrumando carros,quase sempre,com competidores,que a vida estava má. Ele era o decano. Na altura,trabalhava sozinho,talvez por ser muito cedo.
Então,vai dando para as sopas? Tem de dar,que remédio. Não tenho outra saída,sabe. Com a idade,e com a maldita doença,já ninguém me quer. É a vida. Tive em tempos um subsídio. Coisas que acontecem. Cá me vou aguentado. Olhe,está a chegar um carro e há ali sítio para ele.

BIBLIOTECA MUNICIPAL DE SANTARÉM

http://bibliotecas.wetpaint.com/page/Biblioteca+Municipal+de+Santarém?t=anon

sábado, 7 de março de 2009

UM DESPLANTE

Coitado do velhote,assim se pensava,quando o viam carregando sacos,às vezes,mais do que um em cada mão. É que se julgava ter ele de se deslocar de muito longe,para se vir abastecer.
Afinal,não era caso para ter pena dele,antes pelo contrário,quanto àquele palmilhar de respeito. É que o fazia por gosto,convencido de que estava ter sido esta proeza o que lhe tinha servido para aguentar o crescer dos anos, sem fim à vista.Chegava ao ponto de dilatar em muito as muitas passadas,caminhando para locais opostos ao de sua casa. E isto,sempre na companhia dos carregos,como se gostasse deles. Um desplante,um prodígio,na idade que já contava,que,ele,a cada passo,anunciava,acrescentando nunca ter precisado de médico.
Sabia-se lá até quando ele iria resistir. Era capaz de ir desta para melhor depois de muitos que reparavam nele ,de início,com pena,depois,com admiração.

quinta-feira, 5 de março de 2009

UM INVENTO

Ele estava ali,naquele braço de rio,a ver se levava algum peixinho para casa,pois sempre daria jeito. Vinha sempre aos fins de semana,que noutros dias não podia ser por causa lá do trabalho.
Então,qual é o isco que usa? É desse lá de longe? Não,que idéia. Esse é muito caro,não sou de luxos. Uso um invento lá da minha mulher. Pode não acreditar,mas é verdade. Já lho mostro. Olhe,é esta nabiça lá da sopa e este tomate lá do guisado. Uma prova de que isto resulta está aqui neste cesto. Podiam estar cá três peixinhos,mas um era muito pequeno,pelo que o deitei ao rio.

PORTUGAL

"...E sabem vocês,sabe o Snr. Padre Soeiro quem elle me lembra?...A vaidade,o gosto de se arrebicar,de luzir,e uma simplicidade tão grande ,que dá na rua o braço a um mendigo... Um fundo de melancolia,apsar de tão palrador,tão sociável...
- Quem?...
- Portugal..."

EÇA DE QUEIROZ
A Illustre Casa de Ramires
Livraria Lello & Irmão
1941

quarta-feira, 4 de março de 2009

THE GOATS

Do Flickr,by (nz)dave

Author title

UMA COISA TÃO BOA


Eram dois, junto ao contentor dos papéis e do cartão. Um,trazia na mão um belo molho de espargos silvestres. O outro,fazia perguntas. Onde foi que os apanhou? Olhe,foi ali na mata,onde é que havia de ser?
Na mão,que as hastes eram muitas,podiam perder-se algumas,como,aliás,já vinha acontecendo,o que era forte pena,uma coisa tão boa. Numa caixa ficavam melhor acondicionadas. Era o que ele estava fazendo,pois duas ou três tinham sido deixadas no chão.
Iriam dar um rico pitéu,assim ele tivesse mais alguma coisa para acompanhar. Não tendo,
também não ficaria nada mal,papando-os todos.
Imagem retirada do Flickr,by DennisSylvesterHurd

terça-feira, 3 de março de 2009

SNOW LOTUS

NATIONAL GEOGRAPHIC

segunda-feira, 2 de março de 2009

FUCHSIA FLOWERS


NATIONAL GEOGRAPHIC

ECLÍPSE


No Alto Alentejo

Do blog OLHARES DA NATUREZA, de ARMANDO GASPAR

Título do autor

domingo, 1 de março de 2009

LORTON VALLEY,CUMBRIA - REINO UNIDO

De Visit Cumbria

O SILÊNCIO

Lastimava-se a morte de alguém que dera boa conta do recado. Lastimava-se o silêncio que se fizera à sua volta nos últimos anos da sua longa vida. Era isso,de facto,o que mais se sublinhava. Era o costume,para não variar e não estranhar. Se ele,o silêncio,se faz,quantas vezes,em plena vida activa,quanto mais no declinar dela.