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sexta-feira, 4 de junho de 2010

DAS MAIS GORDAS

Não podia ficar melhor situada aquela escola,ali a dois passos do mercado,a três do jardim,e,
sobretudo,a um passo de uma central de transporte de mercadorias,mais concretamente,de uma central de galeras,movidas a muares,alimentadas,em boa parte,a alfarroba. Eram tulhas delas,e tudo aquilo estava ali à disposição da garotada. Ficavam os bolsos cheios,a mais não poder,das
melhores,das mais gordas. As muares,ali mesmo à vista,não protestavam,pois sabiam que ainda lá ficariam muitas.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

POR TABELA

Ele passara por ali há uns bons vinte anos. Pois, dessa passagem,ainda havia forte lembrança. Os sulcos que aquele homem deixava. E ali não era um sítio qualquer. A alguns,talvez,até,a muitos,
não lhes custaria nada afirmar que ali era um dos sítios mais exigentes do mundo. E foi uma grande surpresa vê-lo,e,também,uma grande satisfação e proveito,pois apanhou por tabela.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A FLORESTA

A árvore lá a mostravam nos jardins,nos parques,nas reservas,nalgumas ruas,mas a floresta,coitada dela,parecia ter os dias contados. Era a urbanização incontida,era o cada vez maior uso da lenha e do carvão,era a crecente criação de gado. Era um ver se te avias.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

A SUA DIGNIDADE

Uma espessa névoa os envolve,mas ainda se conseguem distinguir.Parecem espectros a desfilar,a acenar,a dizer que vão voltar.
O Clementino. magro,muito pálido,de cabelo ondulado,com maneiras de mulher. Prestava seviços domésticos nalgumas casas e andava de avental quando ia às compras. Alvo de dichotes,não se acanhava,repontando com voz de falsete,e,às vezes,muito irritado, por achar demasiada a impertinência. Tinha a sua dignidade. Gostava de ir ao cinema,mas nem aí o poupavam,mesmo em plena sessão. Era uma outra fita,esta inteiramente de graça.

domingo, 25 de abril de 2010

UMA FESTA

Era um rapazinho de cabelos loiros,revoltos,e de olhos muito vivos,espertos. Irrequieto,pouco parava em casa. Tinha lá o seu grupo,de que era o capitão. Saía,muitas vezes,descalço,manhã cedo. Também,muitas vezes,não vinha almoçar. Ele lá se arranjava. Fome é que não passava. Um desenrascado nato.Percorria a terra em permanente brincadeira. Nos jardins,era uma festa. E foi num deles que um turista,irresistivelmente, o fotografou. Compreende-se o interesse,o entusiasmo, do turista. Aquele miúdo,que teria,quando muito,seis ou sete anitos,era bem a Estátua da Liberdade. Camisa aberta,calções descaídos,pés nus,expressão de desafio. Prometia,não lhe restava a mínima dúvida,visto possuir fortes marcas do sucesso.

terça-feira, 13 de abril de 2010

DE QUALQUER MANEIRA

Oh amigo,não havia aqui uma casa? Havia sim senhor. Como é que você sabia,se não é daqui? Olhe para esta fotografia. Quando ela foi tirada estava cá. Pois estava. E que bem ela se vê. Quem é que fez essa fotografia? Foi alguém que andou por aqui de avião. Então já a gente não pode andar por aí de qualquer maneira? Isto até parece mentira. E agora estou eu a ver. Ali também estavam uns chaparros. Desapareceram para se fazer o caminho. Sim senhor,está-se sempre a aprender.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A FESTA

Lá para onde ia,iriam pedir fotografias,pelo que o melhor era já estar fornecido. Era uma segunda-feira,o dia a seguir às farras de fim de semana. Estava a casa cheia. A atender,um casal jovem. E ali,à vista de plateia atenta,a festa não havia meio de acabar

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

"SE EU ME LEVO COMIGO"

"Erros meus,má fortuna,amor ardente". Tudo se conjugou para um longo peregrinar,por perto,lá por longe,muito longe. Umas vezes,fugindo,outras, escondendo-se. Mas "De que me serve fugir da morte,dor e perigo,se eu me levo comigo?". Certo dia,teria vindo refugiar-se em lugar humilde. Lá está,em modesto largo,uma placa a assinalá-lo. Quem iria dar com ele ali? Chegar-lhe-ia lá,a toda a hora, o cheiro fresco do seu Tejo,do rio das suas Tágides. Talvez um barquinho lhe valesse,se,acaso,fosse avisado a tempo de que perigo rondava. Lá se escaparia,rio abaixo,ou rio acima,guiado por uma ninfa,sua amiga. "Aquela cativa,que me tem cativo,porque nela vivo já não quer que viva".

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

PRONTO E PRESENTE

O professor marcava faltas. O que se ouvia,esmagadoramente,era pronto ou presente. Pois é,o pior era aquele p,a iniciar um e outro,aquele falso,que só servia para atrapalhar uma pessoa. E não só ele,havia,e há,ainda outros falsos,com o b,e também,o c. Uns falsos todos,uns traiçoeiros. Deviam todos desaparecer,mas eles não estão para isso,de resto,têm muitos para os defender.Oh senhor professor,tenha pena de mim. Desculpe,mas eu não gosto do p,e de outros,também,mas,agora,o que importa é o p. Quando for caso doutros,eu venho cá ter com o senhor professor,novamente. Mas,agora,é mesmo só o p,desculpe,repetir. É que o p atraiçoa-me,não gosto dele,cá por coisas,não vale a pena estar para aqui a incomodá-lo. Oh,homem,diga lá,que eu sou todo ouvidos. O que é que o apoquenta,que eu já estou com pena de si?O p,senhor professor,o p atraiçoa-me. Quando eu chamo por ele,faz-se de mouco. Está a ver?,de mouco. O engraçadinho. E não vem,e não vem. Grita ele,lá de dentro,chama outro,não estou para te aturar. E isto,já de há muito,nem já me lembro quando começou. Olhe,senhor professor,venho lhe pedir para o trocar por outro. Mas já agora,estou-me a lembrar,e se o senhor professor me dispensasse de abrir boca? Eu, sempre que vier, sento-me ali na primeira fila. O senhor professor,quando das faltas,olha para lá,para essa fila. Se eu lá não estiver,marca-me falta. É simples. Não custa nada. Concorda? Concordo. Que alívio,senhor professor,muito e muito obrigado. Creia que nunca mais o esqueço. Muito obrigado,para sempre.

SAFA

Já se não viam há muito tempo,pelo que estiveram ali um bom bocado à conversa. Quase a terminar,um deles lembrou-se de uma notícia recente e de alto significado. Então,o que dizes do convite que fulano recebeu?Mal dissera o nome do convidado,o outro raspou-se logo,como se quisesse fugir a sete pés de algum perigosíssimo bicho,ou, quem sabe?,do mafarrico em pessoa. E quando o fez,soltou um safa com tal carga de repúdio,que deixou o companheiro meio atordoado,sem disposição para pedir um esclarecimento.É bem certo que santos da casa não fazem milagres. É bem certo que não há pessoas que valham para o seu criado de quarto. É bem certo que em certos cantos não é o mérito que conta. É bem certo que nos mesmos cantos não são as ideias,mas as pessoas que importa discutir. Coitado,é careca,um rente ao chão,veste mal,está sempre a tossir,não gosta de telenovelas,não vai ao futebol,... Não presta,em suma.Vá lá para onde o quiserem,que cá não faz falta. Faça-lhes bom proveito,a ele e a quem o convidou. Era o mínimo que se podia ouvir. Mas nem isso. Safa.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

UM SACO CHEIO

Era um pai que tinha quatro filhos. Na sua casa ,o vinho,o azeite,a carne,o pão e outras coisas de comer, davam para partilhar e vender. Acontecia que,de quando em vez,passava por lá um moço pobre,de quem a mulher tinha muita pena,pelo que nunca se esquecia,às despedidas,de lhe aviar um saco cheio.
O moço estudava. E os filhos daquele pai, não. O estudo rendia, e o moço,coitado,não resistia a mostrá-lo. Não se lhe podia levar a mal,pois não?,se era essa a sua única riqueza? Pois do que se havia,um dia,de lembrar aquele pai? Olha lá,tu não tens pena de ser tão feio?

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

MUITO QUIETINHO

A ser verdade o que o velho esteve para ali a contar,ele deve ter passado um muito mau bocado,em certo passo da sua vida. É que participou na criação de um posto médico. Os trabalhos,e aflições,que aquilo lhe deu,tanto mais que ele também tinha de estudar.Para começar,a escolha do esculápio. Estiveram vários interessados no anúncio que saiu nos jornais. A vida estava difícil,sabem. Um sarilho, que não há meio de se ir embora. Mas só um é que podia ficar,claro. A escolha parece ter sido acertada,pois entrou novo,e disse adeus quando já era quase um velhinho. Os outros é que não estiveram pelos ajustes.E choveram cartas,algumas de má catadura,até com ameaças disto e daquilo. Mais um sarilho,dos grandes. O moço não sabia onde se meter,e ele que tinha tanto para estudar. Felizmente que os preteridos tinham também a sua vida,pelo que se foram esquecendo,a pouco e pouco. Mas o caso esteve feio.Além do médico,houve as compras a fazer,marquesa,armário,mesa,cadeiras,primeiros socorros,coisas assim. Pois foi o moço que disso se encarregou. Podia ter nascido aqui outra encrenca,por não se ter feito concurso. Não lhe foi difícil,porém, esta tarefa,visto ter batido a uma porta de nome bem sonante,já muito batida nestes fornecimentos.Depois,para compor o ramalhete,uma pessoa muito importante não ficou nada satisfeita com o andamento da doença do filho. A constipação não havia meio de curar e a culpa era do médico. Quis levá-lo a tribunal.Outro sarilho,para o médico e para ele.Enfim,quando se viu livre daquela função,nem queria acreditar. Vá la uma pessoa querer ser útil. O melhor é ficar lá muito quietinho ,num canto muito escondido,de maneira a não darem por ele.

domingo, 3 de janeiro de 2010

TALVEZ CONFORMAR-SE

Estava em maré de se fazer ouvir. A inspiração visitara-o e à sua volta havia muitas orelhas ávidas de histórias da vida dos outros. Tratava-se de revelar alguns episódios da sua,dos tempos recentes. Coitado ,era para ter pena dele.A filha arranjara um rico marido. Trabalhar, não era com ele. Instalara-se lá em casa,com todas as armas e bagagens,fazendo vida de grande senhor. Não largava a cama,embalado por música de acordar os mortos. Os vizinhos protestavam,mas era o mesmo que nada. Ninguém o arrancava do fofo,e era o velho que se tinha de desembaraçar,se não tê-lo-ia à perna,que o menino não era para brincadeiras. Parecia ser ele o dono lá da casa e lá do bairro.Alguém,que ele bem conhecia,não estava ligando a esta história,talvez por já a saber de cor e ir ,também, com as suas preocupações. E interveio,avisando-o. Olha,vai-te mas é preparando,pois consta para aí que os passes sociais estão por um fio.Que me importa isso a mim?Tu sabes que eu tenho lá na terra uma casita e uns pedacinhos. Pois qualquer dia, mudo-me para lá. Livrava-me do genro e de outras coisas. Os que cá ficarem que se governem. Salve-se quem puder.Dali a uns dias, foi visto,de manhã,a carregar um pesado saco. Mudava-o,a cada passo,de mão, e a livre apoiava-se nas costas. Aquilo era demais. Ia de cabeça baixa,talvez a fazer projectos. Estaria farto e decidido a dar o salto. Afinal,não deu. Alguma coisa deve ter acontecido. Talvez conformar-se.

sábado, 2 de janeiro de 2010

A MINORIA VENCEU

O moço,naquela altura,já era engenheiro. A acrescentar a isto,exibia a fitinha de aspirante a oficial miliciano. Um dia,quem é que o diabo lhe havia de pôr mesmo ali à sua frente? Precisamente,uma antiga namorada,que,entretanto, se casara. Vinha ela com duas meninas,as suas filhas.Passaram a encontrar-se. A terra era pequena e o caso alimentava conversas. Ela,talvez deslumbrada com os atavios do moço,parecia estar disposta a voltar atrás. O marido era um modesto empregado de loja.Os colegas do moço,naturalmemte,também entraram nos mexericos,formando,a propósito,dois partidos. Um, apoiava o idílio,e o outro,em clara minoria,queria acabar com ele,e já.Esgrimiam-se razões. Um homem tinha de aproveitar,caso contrário,o que restaria dele? Porque era um homem,e dadas as circunstâncias,ele devia pôr ponto final. Ela era mãe. Ele estava abusando da sua "superioridade".O moço hesitava,via-se entre dois fogos. Finalmente,decidiu. A minoria venceu.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

MEDONHA ALGAZARRA

Coitada da velhota. Já lhe tinham voado os dentes e a voz era entaramelada. Vivia de biscates e colaborava na animação da terra. Neste entretém,tinha a ajuda de garotos. Estavam ela e eles combinados. Quando aquilo estava a caminhar para a pasmaceira,resolviam intervir. A coisa era
fácil,pelo que dispensavam-se ensaios.
Chamava-se Ana,simplesmente. Era,pelo menos,a este nome que ela acudia. Mas os miúdos completraram-no,ficando, para todo o sempre, Ana Balhana. Não foi uma coisa ao acaso,pois assim dava-lhes jeito para comporem uns versos. E era numa medonha algazarra,atrás dela,que os recitavam. As correrias que a boa da velhota fazia para simular agarrar um deles. No contrato,
figurava a impunidade.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

CUIDADOS DA MAMÃ

Já não se estava em guerra,o que tinha sido um alívio,daqueles dos muito grandes. Ela findara,é certo,mas sentiam-se ainda sequelas suas. Entrara-se no seu rescaldo,que atingiu ainda muitos.Aquela mesa era uma prova evidente de que a carestia não se fora de todo,pelo menos nalguns cantos. Rondava por ali,com pezinhos de lã,com ares de se querer perpetuar. E ora veja-se se não era verdade. Pontificavam no cardápio três requintadas iguarias,quer dizer,alface, feijão dito colonial e manteiga de banha de porco.Ganharia um prémio o fotógrafo que tivesse registado,para a posteridade, a cara do anfitrião,deleitado com a excelência dos acepipes. Todo ele eram sorrisos de triunfo,quando,ele próprio,se encarregava do serviço,enchendo os pratos. Parecia estar a fornecer ambrósia.Para muitos,noutras mesas,seria,mesmo,ambrósia. Mas para aqueles moços,acabados de sair dos cuidados da mamã,aquilo não era mais do que ração de encarcerados. Estranharam muito,de inicio,é um facto,mas bem depressa se tiveram de resignar. Contribuiram para isso,um cágado que lhes ensinou a terem paciência,e um papagaio que não se cansava de lhes desejar bom apetite.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

PARECIA VOAR

Toda a gente sabe,ou devia saber,que se não deve mandriar,que se deve fazer pela vida,que a vida está lá à espera,muito nervosa,para ser vivida. E era o que aquela senhora estaria fazendo. Já não era nova,longe disso. Teria aí uns cinquenta ou sessenta anos,que isto de idades tem muito que se lhe diga. Toda ela se vestia de negro,de negro mais negro,da cabeça aos pés.Não se sabe o que ela teria vendido. Apenas se ouviu o que ela disse a alguém que lhe teria ficado com uma parte da sua mercadoria,o resto da qual,que ainda era muito,estava envolvido num pano,também negro,de negro mais negro,a servir de saco.Eu nunca mais esquecerei a senhora dona Maria e a dona Maria também não se irá esquecer de mim nunca mais. Pouco mais tempo ela ali se demorou,pois tinha lá, à sua espera,outras donas,Marias ou não. A pressa que ela levava,rua fora,ligeiramente a subir,merecia ter ficado registada. Parecia voar.

domingo, 27 de dezembro de 2009

DE CIGARRO NA MÃO DIREITA

O que se estava vendo era isto,mas já se vira isto muitas mais vezes. A idade rondará os setenta. O corpo é esguio,alto. As costas são direitas,que nem tábuas. A cabeça é pequena,como a de um passarinho. O cabelo é grisalho,levemente ondulado. O andar é lesto,ainda que tropeçado,talvez por assim ter saído.E ali ia ela,como sempre,de cigarro na mão direita. Dava um passo,aparentemente,inseguro,e levava o cigarro à boca. Dava um passo,recolhia a mão com o cigarro. Dava um passo,expelia o fumo. Dava um passo,levava o cigarro à boca. Isto,como uma máquina. As costas,sempre direitas,olhando em frente,imperturbável.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

QUEM VÊ CARAS...

Era um homem de meia idade. A sua cara não inspirava simpatia. Teria contribuído para isso uma ou outra palavra grosseira que se lhe ouvira.Naquela altura,esperava um transporte. Tinha junto de si uma cadeira de rodas,onde se sentava uma mulher sem uma das pernas. Quando o eléctrico chegou,os seus potentes braços facilmente deram conta do recado,içando cadeira e ocupante.Feito isto,sem ligar aos protestos de alguém que se estava sentindo muito incomodado com tal vizinhança,tratou de sentar a companheira num dos bancos. Imperturbável,veio desmanchar,com presteza, a cadeira,ficando na plataforma até vagar o lugar ao lado da mulher.E então,aconteceu o inesperado. Aquela cara, que parecia trancada, abriu-se em largos , meigos sorrisos. Aqueles olhos,que pareciam turvos,ficaram límpidos,brilhantes. A ternura dele comovia. É bem certo que quem vê caras não vê corações.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O MALANDRO

Os nenúfares tinham-se encarregado de atapetar a superfície daquela ampla lagoa. O enfeltrado era denso e só muito perto da margem é que a água se revelava. Algumas avezinhas saltitavam de uma folha para outra. O silêncio era rei. À volta,cactos-candelabro faziam sentinela. Ao longe,cortinas de papiros,com os seus penachos,lembravam cabeças tontas,desmazeladas. Era aquela imensidão a morada de famílias de crocodilos. A sua vida seria uma rotina se não tivessem peles. É que elas despertavam a cobiça de alguns. Ainda um deles se confessara uns dias antes. Então,quem lhe pôs o joelho nesse estado? Fora uma sorte. Por um triz,não estava ele,naquela altura,a contar o que lhe sucedera. O malandro ainda respirava. Uma noite inteira a verter sangue e ainda estava vivo. Quando o puxara,julgando que estivesse já morto,como lhe acontecera de outras vezes,o malandro ainda tivera forças para lhe deitar o dente. Não desistira. Apenas passara a ser mais cauteloso. Eram uma tentação aquelas ricas peles.