quinta-feira, 29 de abril de 2010

A SUA DIGNIDADE

Uma espessa névoa os envolve,mas ainda se conseguem distinguir.Parecem espectros a desfilar,a acenar,a dizer que vão voltar.
O Clementino. magro,muito pálido,de cabelo ondulado,com maneiras de mulher. Prestava seviços domésticos nalgumas casas e andava de avental quando ia às compras. Alvo de dichotes,não se acanhava,repontando com voz de falsete,e,às vezes,muito irritado, por achar demasiada a impertinência. Tinha a sua dignidade. Gostava de ir ao cinema,mas nem aí o poupavam,mesmo em plena sessão. Era uma outra fita,esta inteiramente de graça.

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