sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O TEMPO

Para a desgraça ser maior,até o tempo colaborava.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

ENCONTRÕES

Havendo mais do que uma vida,talvez não se dessem tantos encontrões.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

DÁ CÁ

E ficou conhecido como o toma lá,dá cá,que era o que mais se lhe ouvia.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

PAPELADA

Ele, era o chefe,a mulher,tomava conta da papelada,e o sogro, tinha a seu cargo o armazém. Podia dizer-se que ficava tudo em família.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

CAPELA

Ao casarão,nada lhe faltava. Até capela tinha.

domingo, 26 de setembro de 2010

HÁBITO

De tanto pedir,deviam estar cansados os pobres,mas não há disso clara indicação. Parece ir tudo do hábito.

sábado, 25 de setembro de 2010

OBRIGAÇÃO

A flor,cumprida a sua obrigação,bem depressa murcha.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

BELOS PÊSSEGOS

Coitado do velhote,que se tinha esquecido do que comprara com tanto gosto,aí uma dúzia de belos pêssegos. Este saco deve ser seu. Tome lá um,que bem o ganhou.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

QUALQUER COISA

A fome cega,a fome de qualquer coisa.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

METÁFORAS

Era um carteiro que empregava metáforas sem o saber.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A CHUVA

Era gente que ficaria muito admirada quando,um dia,visse a chuva cair de baixo para cima.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

BURACOS

Admirava como as árvores estivessem ainda de pé,tal a fartura de buracos à sua volta. Teria cada coelho feito a sua toca.

domingo, 19 de setembro de 2010

COMPENSADOS

Pode ser que estejam de lá a ver,quem sabe,e talvez se sintam compensados pelo muito que passaram,era o que se estava a ouvir ao velhote.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

MUITOS AMIGOS

Tinha o senhor muitos amigos,talvez por ser muito rico.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

BORRIFANDO

Ainda podiam disfarçar,dizendo que eram as ideias que estavam em causa. Mas não,o que se visava era o autor delas,que,para as ideias,estavam-se borrifando.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

UM PAI

Um chefe como deve ser é aquele em que se vê nele um irmão mais velho,ou um pai.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

AO FIM

Quem está sempre disposto a ultrapassar,parece ter pressa de chegar ao fim.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

UM TRIUNFO

Não se cansavam de contar o que julgavam ter sido um triunfo,talvez considerando que seria muito dífícil imitá-los.

domingo, 12 de setembro de 2010

DE FORA E DE DENTRO

As certezas de fora, e as incertezas de dentro.

sábado, 11 de setembro de 2010

ESPERANÇA

O futuro é o suporte da esperança.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

NEM PENSE NISSO

Era necessário ali mais um divã,e ele estava disposto a arranjá-lo. Nem pense nisso. Quer encher-me a casa de caruncho? E depois,ficava sem tecto,o seu rico tecto,que lhe levara uma vida a pagar? Nem pense nisso.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

SUBLINHADO

Parecia impossível uma coisa daquelas,de um azelha consumado. E tudo isso dito a traço vermelho,três vezes sublinhado.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

DE SABROSA

Está tudo explicado,era de Sabrosa,em Trás os Montes. É que,por de trás dos montes, montes estão,pelo que,insistindo,dar-se-á com o monte de onde se partiu.

domingo, 5 de setembro de 2010

CÉPTICOS

O deixar fazer,o deixar passar,é próprio dos cépticos,e não só.

sábado, 4 de setembro de 2010

MALDADES

Tinha cara de má e fazia maldades. Mas nada disso impedia que ela brilhasse. Era mais um caso de uma serem várias.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

À SUA DISPOSIÇÃO

Ao dar com um saco de compras,com coisas de comer,o velhote não se conteve. Quer dizer que passa fome cá em casa. E levou-o à dispensa. Tudo o que aqui se encontra está à sua disposição,
em qualquer momento.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

NO CHÃO

Ele ia a passar,e ouviu. Estão a precisar de um divã? Podem ficar com o meu,pois estou habituado a dormir no chão.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

EM QUÊ

Ele,trabalhar,estava disposto a fazê-lo,só que não sabia em quê.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

O PRODUTO

Passara uma vida a trabalhar,usando o produto do trabalho de outros.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

MUITO MAIS

A vida custa,mas muito mais para não se sabe quantos.

domingo, 29 de agosto de 2010

A SUA CARA

Enérgico e hábil trabalhador,era o que o velhote estava a ler. Mas olhe que não parecia,era o que a sua cara estava querendo dizer.

sábado, 28 de agosto de 2010

DUAS FRONTEIRAS

A liberdade tem,pelo menos,duas fronteiras,a lei,e a realidade.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

REALIDADE

Livres e prisioneiros,era,afinal,a realidade.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

"ARMA"

Querer conquistar este mundo sem uma "arma",é de quem não tem nele morado.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

CALCANHARES

Sim,ele é muito inteligente,era o que diziam,mas não me chega aos calcanhares,era o que não diziam.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

EXIGENTE E TOLERANTE

Era muito exigente com os outros,mas muito tolerante consigo.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

UM PONTO

Para ele,nunca havia graxa que chegasse,pois encontrava sempre um ponto que não brilhava.

domingo, 22 de agosto de 2010

INSATISFEITO

Pronto,já chegámos. E daqui,para onde é que vamos? Era um insatisfeito.

sábado, 21 de agosto de 2010

VARIEDADE

A variedade estava nele,pelo que não tinha de a procurar.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

ALTO

Entre tantos,dava-se logo conta dele,por ser alto. Pois não lhe perdoavam o ter saído assim.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

MIUDEZAS

Era um especialista em miudezas,com as quais se notabilizara,dentro e fora de portas.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

ACASO

Nascera naquela terra como por um acaso,pelo que não parecia ser de lá.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

INSOSSO

A água da fonte era salgada,mas o local de onde brotava era insosso.

domingo, 15 de agosto de 2010

CULPA

Quando a coisa não corria bem,a culpa era sempre do outro.

sábado, 14 de agosto de 2010

AMONTOAR

Sabiam que o não levavam consigo,quando a hora chegasse,mas,mesmo assim,não desistiam de amontoar.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

PRESSA

Com que idade se casou,menina-mãe? Dezoito. Mas que pressa de chegar ao fim.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

IGNORÂNCIA

Na incerteza,avançavam,vitoriosamente, com a negação. Era o triunfo da ignorância.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

SATISFEITO

O não querer saber mais,significará que se está satisfeito com o que se sabe.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

PATROA

Afinal,enganara,e muito. Não era companheira,mas patroa. Até no olhar o mostrara.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

TRABALHO FEITO

Depois,a tentação do parcial,só para deixar trabalho feito,ainda que muito pouco adiantasse.

domingo, 8 de agosto de 2010

CADEIRÃO

Em primeiro lugar,condições de trabalho. Uma nova secretária,e um outro cadeirão.

sábado, 7 de agosto de 2010

ENTRISTECER

Uma vida a trabalhar sem nada de jeito construir era de entristecer.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

LEAL

O cão é o mais leal guarda costas.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

MENOS O CÃO

Todos o abandonaram menos o cão.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

COMER

Como se podia ter tranquilas refeições,quando tantos não sabiam o que haviam de comer.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

NAUFRÁGIO

Basta. Não se via que assim,não,que, assim,será um universal naufrágio?

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O AR

Mas isso nem dá para mandar cantar um cego. Quer dizer,o ar havia de o alimentar.

domingo, 1 de agosto de 2010

NOVO E VELHO

Era de um tempo em que de velho se fazia novo.

LAVAR

Lavar? Só quando se casavam e iam à tropa.

sábado, 31 de julho de 2010

MUITO SIMPLES

Quantos eram? Aí uns quinhentos mil. Isso era um exagero,pelo que resolvia a coisa por muito menos. Uns cem mil deviam chegar. Os outros que fossem tratar da sua vida. Muito simples.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

O SEU CASO

Ainda tivera ilusões. Sabe,tive de tratar de um assunto muito importante,que me tomou o tempo todo. Para a próxima vez,pode ficar descansado,tratarei do seu caso.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

LÁ EM CASA É QUE NUNCA

Não pode estar de pé,que as pernas não deixam,e a idade também não,e sabe-se lá mais o quê. E então,fica sentado todo o tempo que ali permanece,que lá em casa é que nunca. Ali está com os seus,que pouco lhe ligam,é certo,mas ele faz de conta. Ali,há movimento,ali, conversa-se,onde eie não entra,ali, bebe-se,ainda que ele nem um copinho,que o dinheiro não dá. Todos estes nãos ele os deita para trás das costas,e até sorri. Sempre está ali melhor,que lá em casa é que nunca.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

EXIBIÇÕES

Eram tempos de vacas magras,e de exibições.

ACUMULAÇÕES

Eram contra as acumulações,nos outros,mas viviam delas.
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segunda-feira, 26 de julho de 2010

PÁO

Sim,fome não passavam,só que davam conta dela com pão,para não variar.

domingo, 25 de julho de 2010

AOS BOLSOS

Como é que se havia de gostar de gente assim,de gente que só pensava em ir aos bolsos de cada um?

sábado, 24 de julho de 2010

PROTECÇÃO

Protecção,sim,mas cada um que a arrange.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

COMER PLÁSTICO

O velhote não se conteve. Eu,comer pizzas,comer plástico,nem pensar. Isso está bom é para os meus netos.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O RESTO

Não se podia ceder uma unha,que,depois,queriam o resto.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

JEITO

Vida sem qualidade não tem qualquer jeito.

terça-feira, 20 de julho de 2010

DIA PERDIDO

Dia em que ele não alardeasse,era dia perdido.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

SENTENÇA

Fia-te na virgem e não corras,e verás o trambolhão que apanhas,era a sentença preferida lá do velhote.

domingo, 18 de julho de 2010

O SEU BURACO

Já há uns dias que não era visto nos locais do costume,que aquilo não ia nada bem. Pois ainda mexia. Teria estado de férias,não tendo saído lá do seu buraco.

sábado, 17 de julho de 2010

A EVOLUÇÃO

Estava ali,sentado num banco,fazendo horas para regressar ao trabalho. E era todo ouvidos. Sim,é a evolução. Sim,é a evolução.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

HÁBITO

Teria a senhora setenta e mais alguns. Parecia,assim,que disporia de ajuda para tanto peso,mas não. Sabe,vai tudo do hábito.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

NO FUNDO

Quem diria? Empregada,casada,mãe de uma filha. Pois tinha ainda tempo,e gosto,para cuidar de quem batera no fundo.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

REMÉDIO

Pegar ou largar,não havia outro remédio.

terça-feira, 13 de julho de 2010

OS MAUS DA FITA

Como são as coisas. Eles,que tinham sido as vítimas,eram os maus da fita.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

DE MÃOS DADAS

Teriam os dois ,oitenta,ou, talvez, noventa. De mãos dadas,entraram,de mãos dadas,saíram.

domingo, 11 de julho de 2010

FARINHA E FARELO

Era dos tais que poupava no farelo,quer dizer,naquelas coisas de trazer por casa,que ninguém via,para gastar na farinha,ou seja,em coisas que bem se vissem,sobretudo pelos amigos.

sábado, 10 de julho de 2010

GATOS

Lá no cantinho onde ele residia,.conversava muito com os seus vizinhos,não só do rés-do-chão,como de outros andares. Eram os seus amigos gatos.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

VACAS MAGRAS

Finalmente,chegara-se a um tempo de vacas magras,mas,claro,com algumas excepções,para não variar.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

MONTRAS

Não havia montras que chegassem,pois estavam sempre cheias.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

PAI E FILHO

Podem ser pai e filho,como diz,mas olhe que não parecem.

terça-feira, 6 de julho de 2010

O JOÃO E O JOSÉ

Eram os dois do mesmo clube. Podem ser,mas olhe que um,é o João,e o outro,o José.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

RESPONSABILIDADE

Era aquele um lugar de muita responsabilidade,pois estava-se lá para avisar da aproximação dos professores.

domingo, 4 de julho de 2010

OS MOSQUITOS

Olhe que a continuar aqui,os mosquitos comem-no vivo. Pois é,mas foi aqui que eu nasci.

sábado, 3 de julho de 2010

IMPORTUNAR

Há gente para tudo. Parece até que há quem só se sinta bem a importunar os outros.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O MAIS RICO

Podiam-se queixar,é certo,pois tinham razão para isso,mas,em compensação,era de lá o homem mais rico do mundo.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

FESTA

Quem o ouvisse,depois de ele ter vindo lá da festa,pensaria que ele nunca mais se meteria noutra. Mas muito enganado estava,pois,em nova oportunidade,lá voltava ele à festa. Todas aquelas queixas,afinal,de quando regressava lá da festa,só tinha um objectivo,e que era,nem mais,nem menos,o de convencer o outro de que ele é que fizera bem em não ter ido à festa.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

PARIDADE

Nem aproximações,nem muito menos paridade,era o que não se admitia.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

DONO

Não queriam mais nada. O lugar já tinha dono,quer dizer,alguém lá dos dele.
Era o chamado,pomposamente,tráfico de influências.

domingo, 27 de junho de 2010

RESERVADO

Podia concorrer,mas apenas isso,que o lugar já estava reservado.

sábado, 26 de junho de 2010

AFLITO

As vezes que ele olhara para trás,aflito,receando que alguém o ultrapassasse.
Não ganhara,coitado,para os sustos que tivera.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

TRISTE

A vida não a poupara,mas estava triste por a deixar.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

MUITO CANSADA

Noventa anos. Na mão esquerda,viam-se dois grossos anéis de ouro. Viera das compras,e sentara-se,dando um fundo suspiro. Estava cansada,muito cansada.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

GANHAR

Começas tu,mas já sabes que quem vai ganhar sou eu.

terça-feira, 22 de junho de 2010

FIM

Ai se eu soubesse. Coitado dele,que teria o mesmo fim,sabendo,ou não.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

ENGANO

Pois muito me conta. Veja lá o engano em que eu andava.

sábado, 19 de junho de 2010

A FLANAR

Tinham andado por lá uns muito curtos dois ou três dias,a flanar. Mas do que se lhes ouvia, parecia que tinham por lá andado anos,que meses era pouco,a trabalhar.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O MAL E O BEM

Há males que vêm por bem. O mal,eram os muitos buracos que o inverno semeava na estrada de macadame; o bem,era o ganho de alguns a tapá-los.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

POUCA DURA

Quando são as emoções a dominar,as acções respectivas trazem a marca de pouca dura.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

IMITAR

Não era o cãozinho que irritava por não deixar de ladrar. O que irritava era a dona não ser capaz de o imitar.

terça-feira, 15 de junho de 2010

O CUPIDO

Eram dois que já se não viam há uns bons tempos. O mais novo, ia sentado num banco de trás do eléctrico, e o mais velho,um senhor muito sério,ia na plataforma da frente,apinhada. Quer alguma coisa para Fátima? Era o mais velho que se casaria lá no dia seguinte,como todos ali ficaram a saber. O que o Cupido é capaz de fazer.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

CARPIDEIRAS

Já se não podia morrer ali descansado,que as carpideiras não deixavam.,

domingo, 13 de junho de 2010

ESSES

Tenha cautela,que esses não esquecem. Só esses?

sábado, 12 de junho de 2010

DESDE O LEVANTAR AO DEITAR

Arranjar um cão para o pôr à janela,ladrando ele todo o santo dia,desde o levantar ao deitar,não lembraria ao diabo,mas lembrou a uma senhora de um primeiro andar direito.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

ESBANJADORES

Não dava esmolas,e aos que o não emitavam chamava-lhes esbanjadores.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

DAS MAIS GORDAS

Não podia ficar melhor situada aquela escola,ali a dois passos do mercado,a três do jardim,e,
sobretudo,a um passo de uma central de transporte de mercadorias,mais concretamente,de uma central de galeras,movidas a muares,alimentadas,em boa parte,a alfarroba. Eram tulhas delas,e tudo aquilo estava ali à disposição da garotada. Ficavam os bolsos cheios,a mais não poder,das
melhores,das mais gordas. As muares,ali mesmo à vista,não protestavam,pois sabiam que ainda lá ficariam muitas.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

POR TABELA

Ele passara por ali há uns bons vinte anos. Pois, dessa passagem,ainda havia forte lembrança. Os sulcos que aquele homem deixava. E ali não era um sítio qualquer. A alguns,talvez,até,a muitos,
não lhes custaria nada afirmar que ali era um dos sítios mais exigentes do mundo. E foi uma grande surpresa vê-lo,e,também,uma grande satisfação e proveito,pois apanhou por tabela.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

PREGUIÇA

A professora de francês queria que os seus alunos trabalhassem,estudassem,não mandriassem. Então,contou-lhes o que certo galo cantava e tornava a cantar,teimosamente. C'est moi le coq. Je chante avant le jour. Je fais la guerre à la paresse. C'est moi le coq...

segunda-feira, 31 de maio de 2010

CAFÉ DESENFERRUJADO

Personalidades ilustres foram observar cafeeiros imunes á grave doença da ferrugem. No final,foi servido um café,desenferrujado,segundo a notícia

domingo, 30 de maio de 2010

UMA MOEDA

Coitado dele,ouvia muito mal. Mas se uma moeda caísse,era ele o primeiro a dar conta.

sábado, 29 de maio de 2010

MUITO SATISFEITO

Era aquilo uma tática,e bem afinada,pois de antigo uso. E tudo isto, por muito raramente ter a iniciativa de conversa com um qualquer. Assim,mal o outro abria a boca,adiantava-se logo,cortando-lhe a palavra. Como é que o outro haveria de ficar? Sem vontade de continuar,
certamente,de resto,o que ele pretendia. Ficava,assim,muito satisfeito. Era como uma espécie de vitória ao contrário,uma vitória negativa.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

FAVORES

Era a tradição,era o voltar às origens. Era o convívio,era a festa,era a pausa de um dia,ou dois. Era uns bons olhos o vejam,era como está bem parecido. Olhe que está ainda bom. Favores,Deus o oiça. Fiquem cá como Deus quiser. Vão lá,que Deus os proteja. Era a pausa. Era a tradição.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O MOÇO DA LOJA

O moço estava encostado a um carro,à beira do passeio. Na sua frente,estava uma loja,uma loja vazia. À porta da loja,a dona,ou a gerente,tanto faz,esperava que alguém entrasse. O moço entregava um papelinho verde a quem passava,um papelinho oferecendo os muitos serviços da loja. Entregava e agradecia. A sua cara era triste,mesmo muito triste.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

NUVENS

Não é com vinagre que se apanham moscas,é isso bem sabido.Mas,às vezes,perdia-se a paciência,e lá ia vinagre. Pior a emenda do que o soneto. E apareciam mais moscas,vindas não se sabia de onde. Chegavam a formar nuvens. E então,era de fugir,não se sabia para onde,pois elas estavam lá à espera.

terça-feira, 25 de maio de 2010

PELO MEMOS, QUARENTA

Fazia oitenta anos e queriam saber dos seus projectos. Muitos,pois então. Não dizem para aí que se pode chegar aos cento e vinte,ou mais? Assim, ainda me faltam,pelo menos,quarenta.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

PARES DE OLHOS

Pares de olhos era o qua se via por onde o foco passava. Pareciam estrelas,ali muito mais perto. Estariam como que imobilizados os pobres bichinhos. Não eram olhos que interessassem,senão estariam bem arranjados,nem alma se lhes aproveitaria. Escaparam naquela vez. Eram outros os olhos procurados. Levou seu tempo. Encontrados eles,adeus erva tenra do vale,que não mais te vejo.

domingo, 23 de maio de 2010

HÁ ESPERA

Havia coisas das quais não se podia dizer que nem atavam,nem desatavam. É que atavam mesmo,e com cada nó,que só visto,que contado ninguém acreditava. Como é que se iria sair de uma daquelas,como è? Não se sabia,e assim se ficava,há espera não se sabia de quê.

sábado, 22 de maio de 2010

MISTÉRIOS INSONDÁVEIS

Aquilo era um caso de muito pensar. Feitas as contas,aquele era um negócio para perder dinheiro. A porta,porém,continuava aberta,parecendo não haver propósito de a fechar. Que outras contas estariam a ser feitas? Mistérios insondáveis.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A FLORESTA

A árvore lá a mostravam nos jardins,nos parques,nas reservas,nalgumas ruas,mas a floresta,coitada dela,parecia ter os dias contados. Era a urbanização incontida,era o cada vez maior uso da lenha e do carvão,era a crecente criação de gado. Era um ver se te avias.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O COSTUME

O tempo era de dor. Era o tempo a seguir à tragédia,uma coisa medonha,em que se tinham perdido vidas,muitas vidas. Era altura para se pensar na vida,na vida imprevista,na vida que um futuro guarda,quando guarda. Pedia-se silêncio,pedia-se recato,pedia-se reflexão. Pedia-se... Mas foi o costume. E foram as descrições,e foram as imagens,imagens de familiares,de densa tristeza,carregadas de irremediável.O tempo era de dor,e não de palavras.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

OS ESTATUTOS

Francisco,não te esqueças,os Estatutos. Iria pensar. Francisco,os Estatutos,apressa-te. Estava a pensar. Francisco,os Estatutos, que estão a ser muito precisos. Olha,já pensei. Afinal,não preciso de os fazer,pois já estão feitos. Tu és meu irmão,e eu sou teu irmão.

terça-feira, 18 de maio de 2010

AOS MONTES

O que é que se passará para dois lugares de primeira estarem como que ali às moscas? Um,está cheio de livros, o outro,de quadros. O dos livros,já se sabe,tem entrada franca,o dos quadros,também,para residentes,que são aos montes,incluindo os mais velhinhos. Destes,há uns tantos,aos montes,que se entretém,mesmo em frente dos dois"monumentos",como numa provocação,a jogar às cartas,ou em observação. O que se passará?

segunda-feira, 17 de maio de 2010

CANTIGAS

Olhe,vizinha,sabe o que lhe digo?,tudo isso que dizem para aí a respeito dessa senhora, não sei se é verdade,que eu não estava lá,não vi. Mas uma coisa lhe posso dizer,de fonte segura,pois que comigo se passou. Devo-lhe muito, e Deus a conserve por muitos e bons anos por isso. Devo-lhe muito,e isso é que me importa,o resto são cantigas. Está ali uma santa,é o que lhe digo.

domingo, 16 de maio de 2010

OS "JUÍZES"

O que ia por lá de julgamentos. Todos os sitios serviam para decidir,mas havia dois mais das simpatias daquela gente e que eram as esquinas das ruas e as mesas dos cafés. Julgamentos definitivos,sem apelo,nem agravo. Todos os julgados tinham o mesmo destino,o degredo,assim como o riscá-los da existência,da vida. Ninguém escapava naqueles tribunais,a não ser,claro,os "juízes",gente do melhor,cheia de perfeições,sem uma leve manchinha a enodoá-la. Eram assim,naqueles tempos,e lugares,os "juízes".

sábado, 15 de maio de 2010

TROCA POR TROCA

Não havia nada a fazer. Acabava de ouvir uma novidade,coisa de muito interesse,e apressava-se a transmiti-la,confiante em que iriam gostar. Pois das duas,uma. Ou interrompiam,ainda não ia a meio,anunciando uma das muito deles,ou então,deixando chegar ao fim,brindavam-no com uma das muito deles. Uma espécie de troca por troca,para não ficarem a dever nada,o que seria,não uma morte,mas quase. Eram assim.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

O TEMPO QUE FAZ

O tempo também gera angústia. É o tempo que passa,e que não volta mais. Vai ficando lá para trás,cada vez mais para trás. Pode mesmo dizer-se que deixou de ser tempo,passando a ser nada. Afinal,só há o tempo que faz. Já não há o tempo que fez. E não se sabe se tempo vem,o tempo futuro. Só há o tempo que faz.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

ABRIR DE BOUCA

Ele sentia-se definitivamente arrumado,tantos eram os sinais de enfado à sua volta,à sua beira. Podia dizer-se que era um vivo já morto. Tudo concorria para essa definitiva arrumação. Para além das ausências,havia os abrir de boca, mal ele contava pela primeira vez alguma coisa,os essas estavam fartos de ouvir,os estão com muita pressa por terem uma vida muito atarefada,e muitas coisas mais,que não valia a pena apontar,que muito conhecidas eram,sendo escusado,até,ter referido as que atrás ficaram,para perfazer meia dúzia de linhas. É a vida,a que ninguém escapa,e muito menos um vivo já morto.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

DEFINITIVAMENTE

Em apreciações sobre este e aquele,sobre o "inimigo",não se ficavam pelo meio,quanto mais pelo cimo,onde os visados pertenciam. Eram eles burros,e o "inimigo" ainda mais burro,sem tirar,mem pôr. Até um ceguinho o diria,pelo cheiro. E pronto. Dali não saíam,definitivamente. Se assim não fosse,como é que poderiam dormir descansados? Se assim não fosse,também não teriam o dia ganho,o dia que não era deles,definitivamente,o dia que lhes fora permitido viver,seja lá por que entidade.

terça-feira, 11 de maio de 2010

À CHUVA

Não era o passeio de rua nobre que estava a precisar de um remendo. Era um espaço,ao seu nivel,um prolongamento dele,em frente de loja. Havia pedrinhas que não estavam no seu sítio,pelo que alguém podia ali cair,o que não era conveniente,evidentemente. E veio alguém pôr as pedrinhas no seu devido lugar. E era Domingo. E ele ali esteve,à chuva,todo o santo dia, a fazer pela vida.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

CARA DE MÁ

O que ela vociferava,com cara de má. Pois é,para vocês passarem a receber o que lhes querem dar,sou eu esfolada,espremida. E toda ela se abanava,se agitava,muito acalorada,a ponto de lhe acontecer alguma coisa de grave.

domingo, 9 de maio de 2010

TANTA COISA

Nada de ceder,que isso revela tibieza. Só por cima do cadáver,uma maneira de dizer. É que, primeiro que tudo,estão os sagrados princípios. Certo. Mas será? Não haverá ali outra coisa? Ele há tanta coisa. Mas sagrados princípios em tudo,bem entendido,não se particularize,por esta ou aquela razão. Os sagrados princípios não gostariam de se verem particularizados.

sábado, 8 de maio de 2010

O ATREVIMENTO

Ele há cada um,muito senhor do seu nariz,e supondo ser o seu o melhor nariz do mundo. O moço,porque muito ingénuo,não sabendo isso,supunha lá ele que houvesse narizes assim,foi-lhe mostrar umas imagens por ele obtidas. E esse nariz teve o atrevimento de uma pergunta que não lembraria ao diabo mais diabo. Diga-me lá de onde é que surripiou tão sugestivas imagens? Como que a insinuar ser o moço incapaz de tal feito. O desgosto daquele nariz de não ter sido ele o autor delas. O figurão que ele iria fazer,se tal tivesse acontecido. E estava ali aquele rapazola a dizer que as imagens fora ele que as obtivera. Podia lá ser.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

À VONTADE

Havia gente,havia,que bem se notava. Muita gente,até. Mas gente com coração de uma só assoalhada. Apenas dava para um estar à vontade. Os outros que se arranjassem, lá onde bem entendessem. Ali,naquela uma só asssoalhada,é que não.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

PARTE DA FAMÍLIA

Se um pobre interpela,ou deveria interpelar,o que aconteceria se se atendesse aos muitos milhões de pobres que vão por aí,nesses muitos cantos desse vasto mundo? É que um pobre é gente. E é pobre sabe-se lá porquê,se tantas são as portas por onde eles podem sair.E se interpela,ou deveria interpelar,isso quer dizer que se pode pensar em querer acabar com a pobreza. Como? Talvez todos juntos,os não pobres,pudessem dar uma ajudinha,que a coisa não parece fácil,mas é muito triste,e não fica bem a esses não pobres. É que eles,os pobres,são pessoas,fazem parte da família,por assim dizer.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

GAGUEJAR

Eram três a exame. Um,coitado,já se tinha perdido a conta das vezes que lá ia. O professor,condoído,mandou-o em paz,depois de duas ou três perguntas a despachar. O segundo,levava a melhor nota do ano. Talvez para ele não se julgar o melhor do mundo,o professor não o poupou. Por um triz,ia chumbando. O terceiro,lá se aguentou mais ou menos,talvez um pouco melhor do que menos. Não admira,pois,que o seu gaguejar se tivesse acentuado,de modo a dar nos ouvidos das testemunhas. Olha que não sabia que gaguejasses tanto.

terça-feira, 4 de maio de 2010

SEU AMIGO

O que se há-de pensar de alguém que está sempre de acordo com os opositores de outrem,ou que dele maldigam,ou que estão,ou estiveram,dispostos a tramá-lo,dizendo-se seu amigo?

segunda-feira, 3 de maio de 2010

SORTE OU AZAR

Não foram,não são, acções individuais, que acabaram,e acabam, com as faltas de tantos,talvez da maioria,é isso sabido do cor e salteado. Foram elas,e são,um eterno faz de conta,como que para inglês ver,e sabe-se lá mais para quê. É caso para dizer mesmo que houve,e há, nisso, grossa injustiça,por terem ficado muitos de fora,por isto,e por aquilo. E é de supor que algum mal estar,que por aí vai em muitos que carências não sofrem,resulte precisamente dessa persistente situação sem fim à vista,como que uma fatalidade,calhando hoje a uns,amanhã a outros,como num jogo de sorte ou azar.

domingo, 2 de maio de 2010

CESCERA

Mas o portão era maior. O que lá estava,naquela altura,não era,certamente, o que ele atravessara vezes sem conta,quando era menino,mas tinha as mesmas dimensões do primitivo. Não fora o portão que encolhera. Ele é que crescera.

sábado, 1 de maio de 2010

UMA RAZIA

Legião foi uma peça fundamental,talvez a mais representativa,do todo poderoso exército romano. Podemos imaginar o que essas muitas legiões fizeram,mesmo sem saber,ao certo,que feitos esses foram. Por onde passaram teria sido uma razia,não ficando pedra sobre pedra,um modo de dizer. É,assim,uma palavra que deveria fazer tremer,mesmo o mais vigoroso,uma palavra que deveria meter medo,mesmo ao mais temerário,uma palavra que deveria ser esquecida,como nunca tivesse existido. Pois não é assim que tem sucedido,pois não é assim que sucede,muito em particular, em situações que insinuam paz,concórdia,coisas assim.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

A SUA DIGNIDADE

Uma espessa névoa os envolve,mas ainda se conseguem distinguir.Parecem espectros a desfilar,a acenar,a dizer que vão voltar.
O Clementino. magro,muito pálido,de cabelo ondulado,com maneiras de mulher. Prestava seviços domésticos nalgumas casas e andava de avental quando ia às compras. Alvo de dichotes,não se acanhava,repontando com voz de falsete,e,às vezes,muito irritado, por achar demasiada a impertinência. Tinha a sua dignidade. Gostava de ir ao cinema,mas nem aí o poupavam,mesmo em plena sessão. Era uma outra fita,esta inteiramente de graça.

terça-feira, 27 de abril de 2010

UM DECÁLOGO

Ele tinha um decálogo. Eram dez as qualidades que ela devia exibir. Só assim embarcaria.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

DESASTRE

Ai o meu rico lambedor. Era assim que ele chamava ao tinto,ou branco,tanto fazia,que costumava trazer na pasta. E a garrafa partira-se,dando origem a um regatozinho. A tristeza daquela cara,perante tal desastre.

domingo, 25 de abril de 2010

UMA FESTA

Era um rapazinho de cabelos loiros,revoltos,e de olhos muito vivos,espertos. Irrequieto,pouco parava em casa. Tinha lá o seu grupo,de que era o capitão. Saía,muitas vezes,descalço,manhã cedo. Também,muitas vezes,não vinha almoçar. Ele lá se arranjava. Fome é que não passava. Um desenrascado nato.Percorria a terra em permanente brincadeira. Nos jardins,era uma festa. E foi num deles que um turista,irresistivelmente, o fotografou. Compreende-se o interesse,o entusiasmo, do turista. Aquele miúdo,que teria,quando muito,seis ou sete anitos,era bem a Estátua da Liberdade. Camisa aberta,calções descaídos,pés nus,expressão de desafio. Prometia,não lhe restava a mínima dúvida,visto possuir fortes marcas do sucesso.

sábado, 24 de abril de 2010

PEDRAS

O professor não era de lá. Mas sendo pessoa muito interessada,conhecia todas as pedras com história lá da terra,e queria que os moços também as conhecessem. Gastava horas a olhar para elas. Não consta que tivesse convencido algum deles. Queriam eles lá saber das pedras. Era mesmo coisa de quem não tinha mais nada para fazer. Pedras. Não passavam disso mesmo,pedras.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

HISTÓRIAS E VOLTAS

Calcário aqui,em sítio tão interior,na vizinhança de assentadas de granitos e de xistos? Muitas voltas isto tem dado. Muitas histórias os calcários,granitos e xistos, têm para contar.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

CABEÇA DE FORA

Ah macacos sem vergonha. Escondiam-se por detrás das folhas das palmeiras,lá bem no alto. De vez em quando,punham a cabeça de fora,para bem depressa a recolher,parecendo gozar. Talvez soubessem que havia ordens para não os incomodar.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

BOA PAZ

Nunca vira tanta rola junta. Nem sabia,até,que as iria encontrar. Pois andavam lá em boa paz. Era bicho que não interessava.

terça-feira, 20 de abril de 2010

REMÉDIO

O preço do trigo andava muito cá por baixo. Assim não dá,diziam uns. Se ele subir,temos de comer menos,que remédio,diziam outros.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

UMA QUEIJADA

Estivera fraquinho,e o médico recomendara-lhe que, antes de ir para a cama,devia confortar-se com um cálice de bom vinho do Porto e com um bolo que se visse. Isto era,pelo menos,o que ele dizia e o que fazia, sem falhar uma vez sequer. Em Évora, foi uma queijada.

domingo, 18 de abril de 2010

NEVE EM ALCÁCER DO SAL

Olhem a neve a cair,em farrapinhos,ali em Alcácer do Sal. Até deu para brincar.

sábado, 17 de abril de 2010

RENTE AO CHÃO

Ah asas para que vos quero,e lá escapou a perdiz,quase rente ao chão,livrando-se de uma enfiada de chumbo.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

ENCOMENDAS

Reformara-se,depois de muitos anos sentado a uma secretária mechendo em papéis. Um manga de alpaca. Nem parecia o mesmo,reconhecido,principalmente,pela mulher. Quem diria que estava ali um apicultor de se lhe tirar o chapéu? Não se produzia melhor mel lá na região. Mas não se ficara por aqui. Fizera-se um especialista em canas de pesca. Choviam encomendas.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

ZANGA

Pobres dos abibes. Diziam que não mereciam que se lhes atirasse,pois tinham pouco para comer. Mas ele,naquela tarde,não havia meio de encontrar uma perdiz ou um coelho,e foi o pobre casal que apanhou a zanga.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

MUITO DESCONFIADAS

Oh senhor Joaquim, que aves são aquelas? Que grandes elas são. Aquilo são abetardas. Teve sorte em as ver,assim tão próximas,pois são muito desconfiadas. Deram-se uns passos,e ah asas para que vos quero.

terça-feira, 13 de abril de 2010

DE QUALQUER MANEIRA

Oh amigo,não havia aqui uma casa? Havia sim senhor. Como é que você sabia,se não é daqui? Olhe para esta fotografia. Quando ela foi tirada estava cá. Pois estava. E que bem ela se vê. Quem é que fez essa fotografia? Foi alguém que andou por aqui de avião. Então já a gente não pode andar por aí de qualquer maneira? Isto até parece mentira. E agora estou eu a ver. Ali também estavam uns chaparros. Desapareceram para se fazer o caminho. Sim senhor,está-se sempre a aprender.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

REI DO CARVÃO

Não lagarvam as moças. Pudera,se elas eram filhas ali do rei do carvão.

domingo, 11 de abril de 2010

BAIRRISMOS

Esses bairrismos são,às vezes,de grande exagero. Dizia ele,para amesquinhar a terra ao lado da sua,que o que ela tinha de melhor era a estrada que as ligava.

sábado, 10 de abril de 2010

UM RAMO DE FLORES

O professor,já um quarentão,andava enlevado. Interrompia as aulas da mais que tudo,para lhe levar um ramo de flores. Os moços gozavam.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

DE EMENDA

À mesa,não se deve ler o jornal,foi o que acabara de ouvir,de pessoa muito respeitada. E assim,
nunca mais,ainda que o silêncio se arrastasse. Ficara-lhe de emenda.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

DISTÂNCIAS

O diabo da terra não havia meio de aparecer. É já ali,diziam-lhe. A pressa alonga as distâncias. Mas não só a pressa,que isto de distâncias tem muito que se lhe diga.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

POISOS

Ia estar uns tempos livre do patrão. E fizera-se à estrada,um longo trajecto,a pedir descanso. Pois entre tantos poisos,logo foi pousar num em que pousara o patrão.

terça-feira, 6 de abril de 2010

PREVISÕES

Parecia a árvore,ali tão desprotegida,naquela encruzilhada,ir ficar sem uma florinha branca,das muitas que a adornavam. É que tinham vindo ventos e chuva de arrasar. Pois podia dizer-se que nem uma florinha perdera. Vá-se lá fazer previsões.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

MAIS UMA PARTIDA

A vida estava-lhe a sair madrasta,pelo que o menino não devia ter saído de casa a correr. Foi mais uma partida que a vida lhe pregou. Não tivera culpa,coitado.

domingo, 4 de abril de 2010

DE NEGRO

Vira partir o marido para nunca mais. Pois foi como ela o tivesse acompanhado. E assim,para sempre de negro se vestiu.

sábado, 3 de abril de 2010

CAIS

Morrera-lhe o marido,um homem ao mar dedicado. Em sua memória,permanecia longas horas em cais.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

PERIGOSO

Era ele um confiado,um sem segundas intenções. Jogo franco,nada na manga,que assim é que bonito é. Muita surpresa foi colhendo ao longo da caminhada. Para que servia ter mais de uma cara? Parecia ser isso perigoso,por poderem as caras bulharem.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

ESGOTOS

O emaranhado de ramos,de trepadeiras,de ervas de todos os tamanhos,era tal, que lembrava aquilo uma pequena selva,e seria como numa selva os que por lá faziam pela vida. De aves,viam-se pombos,e ouviam-se galos,do resto, apenas chegavam vozes. Luz não havia. A água seria de poços,que a ribeira que por ali corria era de esgotos.

quarta-feira, 31 de março de 2010

COLAGEM

Marcar passo. Queluz. Abrantes. Pronto. Lisboa,Belém. Estágio. Professor. Sacavém. Carências. Subsídio. Oliveiras. Professor. Cartaxo. Cruz do Campo. Vinha. Agora é consigo.

terça-feira, 30 de março de 2010

DREZINA

Não contavam,e foram apanhados de surpresa. Fugiam macacos e lagartos,que o seguro morreu de velho. Era uma drezina pacífica a passar,serpenteando entre árvores esparsas.

segunda-feira, 29 de março de 2010

VIDA FÁCIL

Pareciam perdizes,aos bandos. Deviam ter vida fácil,que os alvos preferidos eram outros. Mas mal sentiam gente,lá deixavam a frescura das margens do rio.

domingo, 28 de março de 2010

UMA COBRA

O jipe passara em garganta estreita,perturbando o sossego de uma cobra,apanhando banhos de sol. E toda ela se ergueu,de cabeça bem levantada,pronta a defender-se.

sábado, 27 de março de 2010

ESCONDERIJOS

Aqui e ali,entre palmeiras,faixas de vegetação densa e espessa,cobriam o chão. Seriam óptimos esconderijos de bichinhos de todos os tamanhos. Pois não se viam,nem sequer ouviam. Teriam receio de dar notícia de si.

sexta-feira, 26 de março de 2010

VERDE

A água do rio não era verde,mas verde parecia. Verde era a vegetação que o envolvia e que na água se mirava.

quinta-feira, 25 de março de 2010

EM FUGA

A noite caíra,uma noite sem lua. O caminho,entre embondeiros,mal se via. Era o hábito que o adivinhava. Apenas se sentiam sons,já um tanto familiares. De súbito,ouve-se um bater de patas,de animal em fuga. Ele não fugiu,que uma casa estava perto.

quarta-feira, 24 de março de 2010

DESTREZA

Não era magia. A água subia,em jacto contínuo,do rio para a boca. O motor era uma mão,em rápida cadência. Muito pode a destreza.

terça-feira, 23 de março de 2010

CÁGADO PACHORRENTO

Mas que família estava ali no fundo da cova,onde permanecia um bocadinho de frescura. E eram formigas grandes e maneirinhas,e eram lagartixas,e eram ratinhos.Pobre do cágado pachorrento,que deitara a cabeça de fora. Daquela vez,escapara,mas não tardaria em marchar,que era ele melhor do que galinha.Olha ali um lince,à frente do jipe. Ainda tentou,mas tinha os dias contados.

segunda-feira, 22 de março de 2010

MAIS NADA

Estavam no seu pleno direito,pois então. Encontravam-se ali à espera de transporte que as levasse,bem como os seus carregos,e mais nada. Não era para serem fotografadas. Era o que faltava.

domingo, 21 de março de 2010

TEIMOSA

A chuva caía,uma chuva miudinha,teimosa. Tolos é que não eram,eles e elas,velhos e novos.

sábado, 20 de março de 2010

A SALA

Como as coisas se alteram. Era uma sala destinada a todo um serviço. Os anos passaram,e a sala deu num objecto para pôr na sala.

sexta-feira, 19 de março de 2010

NÃO SE ESQUECEU

Se não se importa,agradecia que me chamasse quando estivesse a analisar. Não se esqueceu.

quinta-feira, 18 de março de 2010

O PASSARINHO

Ainda a noite ia a meio,mas já havia claridade lá fora,naquela paragem setentrional. E o passarinho viera trinar no parapeito da janela. Fizera isso uma vez só,vá-se lá saber porquê.

O PRIMEIRO

Sim,não era o elegante aparelho que tantas vezes usara. Aquele tinha sido o primeiro. Estava como fora inventado. Servira de modelo para os muitos que depois se fizeram.

quarta-feira, 17 de março de 2010

MESADA CURTA

Coitado dele,o dinheiro escasseava-lhe. E assim,volta não volta,era visto,frente à casa onde morava,a consertar a sua velha motorizada de duas rodas. Tinha de poupar,que a mesada era curta para as despesas de fim de semana.

terça-feira, 16 de março de 2010

NUMA BANCADA

Ele tivera bom gosto. A moça era,sem dúvida,muito bonita,e muito prendada. E um dia,veio mostrá-la. Certamente para que melhor a vissem,sentou-a numa bancada.

segunda-feira, 15 de março de 2010

POR TODOS OS LADOS

Eram o transistor,a televisão,os jornais,as conversas. Era o inglês por todos os lados. Algum tinha de ficar retido.

domingo, 14 de março de 2010

SÓ O INGLÊS

Um figurão,na aparência. Ele era também o espanhol e o francês. E os outros,a bem dizer,só o inglês. Bem se ralavam eles,o que se compreendia muito bem.

sábado, 13 de março de 2010

DE LONGE

As casas sucediam-se. E os jardinzinhos,também. Por vezes,havia falhas. Eram de gente de longe.

sexta-feira, 12 de março de 2010

FERVILHAVAM

O tijolo estava à vista. Os livros empilhavam-se. O espaço para os trabalhadores escasseava. Nas bancadas, atravancavam-se os aparelhos. As ideias fervilhavam

quinta-feira, 11 de março de 2010

ADMIRAR

Ah,é daí? Então,deve conhecer. Estive com ele há uns anos,mas não mais dele me esqueci. Não se calava. De admirar.

quarta-feira, 10 de março de 2010

CONVERSAS

Ele bem se esforçava,mas nem uma palavrinha ele conseguia entender. Eram as senhoras lá das limpezas, nas suas conversas,enquanto iam dando conta do seu trabalho. Que língua tão estranha aquela.

terça-feira, 9 de março de 2010

UMA AUTORIDADE

Então,deu por bem empregue o seu tempo? Viera agradecer as facilidades de que tinha beneficiado. Uma simpatia, o senhor,e uma autoridade.

segunda-feira, 8 de março de 2010

V POR W

Custou,mas acabou por se perceber o que ele,às vezes,queria dizer. É que ele,onde estava W,pronunciava V.

domingo, 7 de março de 2010

A QUALQUER HORA

Considerara aquilo como uma ofensa. É que o saco,via-se bem,trazia coisas de comer. E levou-o à dispensa. Tudo quanto lá se encontrava,estava à sua disposição,a qualquer hora.

sábado, 6 de março de 2010

APENAS POR SI

Privara com os dois. Um,era amigo de toda a gente,o outro,amigo dele mesmo. Eram eles de cantos diferentes. Cada um respondia apenas por si. Vá-se lá fazer generalizações

sexta-feira, 5 de março de 2010

A SALA

Como as coisas se alteram. Era uma sala destinada a todo um serviço. Os anos passaram,e a sala deu num objecto para pôr na sala.

TODO O MUNDO

Chegara cedo. E assim,ao café,pôde estar com todo o mundo,algum do qual nunca sonhara ver.

CLÁSSICOS CANTOS

Não fora novidade,pois sabia dos hábitos da Casa. E assim,teve quem o levasse,de manhã e de tarde,a ver os clássicos cantos. Num dos caminhos,cruzou-se com uma personalidade do outro lado do mar.

UM CHÁ

Eram vizinhos. E assim,ficaria mal,não seria polido,se o não convidasse para um chá. E uma tarde,aconteceu.

DO MAPA

Onde é que estavam os químicos,os matemáticos,gente assim importante,lá desse país? Sim,onde estavam? Logo,esse país devia ser riscado do mapa. E dali não saía.

quinta-feira, 4 de março de 2010

RASTO

Mais uma prova da valia do senhor. Cerca de vinte anos tinham passado,e o seu rasto ainda se via por ali. Velhos e novos deram disso testemunho.

quarta-feira, 3 de março de 2010

ATRASAR

As más línguas não perdoavam. Com uma pausa para o café,e outra para o chá,tinham de se atrasar.

terça-feira, 2 de março de 2010

A META

Mal vinha o sinal verde,parecia que tinham de cortar a meta muito à frente do segundo. Assim,não se podia ter a mínima distracção.

segunda-feira, 1 de março de 2010

CERA

Ora,o que lhe havia de aparecer? Um zumbido num dos ouvidos. Como não passava,motivo para bater à porta do Serviço Nacional de Saúde. Será do frio? Isso vai passar com umas gotas de azeite,que se vendia em farmácias,em frasquinhos. Não passou. Nova ida ao médico. Desta vez,acertou. Era cera,que foi tirada.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

A RECEITA

Dores ao nível do estômago. Caso para recorrer,uma terceira vez,ao Serviço Nacional de Saúde. Desta,calhou ser uma médica. Isso deve ser "stress". Como estamos no fim de semana,passe pela biblioteca pública,veja se encontra lá um livro em português,requisite-o e entretenha-se a lê-lo. E o mínimo de inglês. Foi o que quis ouvir. Não aviou a receita e a coisa passou. É claro que aquele rico leitinho muito ajudou.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

E REPETIA,REPETIA

Tinham dividido,para reinar. Era o que se estava a ouvir. E ninguém o mandava calar. E repetia,repetia,não fossem estar distraídos.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

LAKE DISTRICT

Quem aquele memorial lembrava haveria de gostar dos ajuntamentos de fins de semana,que,à sua roda se faziam. Eram muitos e garridos os chapéus de senhora à espera de transporte para os locais mais diversos,em que pontificava o Lake District.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

LETRAS GORDAS

Nos fins de semana,as viagens de comboio ficavam mais em conta. Era isso bem anunciado em cartazes, com letras gordas e sublinhadas.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

PRINCESS STREET

Lojas,porta sim,porta não. De não se saber onde entrar. Entrando,pode acontecer coisa inesperada,e que é ter só olhos para o que exposto está, e então,por momentos,esquecer-se de tudo o resto.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

UMA PLACA

Pobre David Rizzio. Ali estava uma placa a lembrar o que lhe tinha acontecido. Um triste caso,como muitos outros.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

DO SUL

Aquele amplo espaço atraía. Havia árvores,muitas e majestosas. Havia relva,lustrosa,pujante,para dar e vender. Ouviam-se passarinhos. Gente também não faltava,gente de modos contidos.De súbito,altas vozes irromperam,de parceria com risos estridentes. Era de gente que não era dali,era de gente vinda do Sul.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

TEMPO DE ESPERA

Então,também aqui? Ele,ia para "for good",quer dizer,de regresso,ela, para férias. Era a menina do atendimento no Serviço Nacional de Saúde. O tempo de espera,das três vezes,dera para conversar.

EXAGERADOS

Vê lá com quem andas nos elevadores. Há sempre uns brincalhões,ou uns exagerados.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

JULGAVA

Não,não andavam lá como na sua terra,e noutras. Olha que julgava. Já tinham andado,mas deixaram-se disso.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

BANHOS

O SOL,lá de onde em onde,dava um ar da sua muito graça. Era caso,pois,para o aproveitar o melhor possível,incluindo banhos

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

PASSEAR

Pensariam na possibilidade de abusos. E assim,não era de estranhar que tivessem achado curta a primeira mensagem. Foi logo uma outra,que os deixou muito satisfeitos. Teriam ficado convencidos de que não se andava a passear.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

TIMONEIRO

Chegara a altura de ser ele a tomar conta do barco. É que a mulher ia ser operada. Uma ambulância tinha vindo buscá-la. Os três tripulantes não sentiram a mudança de timoneiro.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

UMA ALMA NOVA

Finalmente,a casa era dele. Tinham sido muitos os anos que levara a pagá-la,talvez com sacrifícios. Parecia ter ganho uma alma nova. Era razão para isso,pois tratava-se de um rico tecto.

ATENÇÕES

À vista de um certo documento,não se conteve. Olhe que não parecia. E passou a ter mais atenções.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

SUCESSO

Deixara por algum tempo a sua Verde Erin. Ter-lhe-ia isso servido para o que veio a fazer,que muito foi? Sabe-lá. Não ficará,porém,livre de se atribuir a essa ausência a causa do sucesso.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

CONISTON WATER - CUMBRIA

Sir Malcolm Campbell chose Coniston for his attempt at the water speed record in 1939, which he achieved at over 141 miles per hour. On his death, his son Donald Campbell [left] took up where his father left off.His aim was to better 300 miles per hour, which he did on 4th January 1967, but the craft, 'Bluebird', shot up into the air and disappeared into the lake. Until early in 2001, his body had never been found. There is a memorial to him near the Information Centre in Ruskin Avenue.

In http://www.visitcumbria.com/amb/conistn.htm

SPANISH CITY - NORTHUMBERLAND

Mas que surpresa,ir encontrar a Spanish City em Northumberland,mais concretamente,em Whitley Bay.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

VIAGENS

A certas horas,já se sabia onde eles,e elas,se reuniam. As viagens que naquele recatado canto se faziam,por esse largo,e variado mundo. Era aproveitar,que elas eram quase de graça.

NA PRAIA

O frio que fazia,a humidade que se sentia,o sol que apenas espreitava. E eles,e elas,pequenos e grandes,ali,na praia,de fato de banho.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

PARA TRÁS

Afinal,era como nos Cadernos do Major Thompson. Quando era caso disso,não estavam com meias medidas,voltando-se,decididamente,para trás,demorando o olhar.

INTELIGENTE

Isso tem uma explicação,ou melhor,duas. Em pempos das espadas,usando a esquerda,livravam-se mais depressa do inimigo. Depois,usando a esquerda,é-se mais inteligente.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

PICA-SE

Tens andado muito enganado. São duas unidades distintas,pois há entre elas algumas diferenças importantes. Olha,numa,mata-se,na outra,pica-se.

A PRIMAVERA

A terra era negra,da muita humidade,e das temperaturas baixas. E dela irrompiam, aqui e ali,semelhando flechas,hastes verdes que se apressavam a enfeitar-se de branco. Eram plantas bolbosas da família das iridáceas a anunciar a primavera.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

AJUDA SOLÍCITA

Parecia ainda ouvir aquele "oh,dear",tão repassado de compaixão fora ele pronunciado. É que,naquela confusão de linhas de metro,para um acabado de chegar,onde já ia o local para onde necessitava de ir. Mas ajuda solícita não se fez esperar,pelo que bem depressa deu com ele.

OS TOCADORES DE GAITA DE FOLES

Ele ia triste,mesmo muito triste, lá no comboio. Talvez por isso,para o animarem,os tocadores de gaita de foles,volta não volta,que a viagem era longa,mostravam o que valiam.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

OVELHAS TRESMALHADAS

Ali estava uma prova de que o cão era um grande amigo do homem. O pastor ali a descansar,e era o seu cãozinho,que,incansável,se encarregava de encaminhar as ovelhas tresmalhadas do rebanho. Como ele,um rente ao chão,se conseguia impor. De lhe se tirar o chapéu. As palmas que ele recebeu.

MALDADES

Pobres corvos. É que por ali havia gente que não gostava nada deles. Era o que se depreendia das maldades que eles faziam,ali mostradas naquela Feira-Exposição.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

OUTROS JOGOS

O St. James Park,onde o Newcastle United pontificava,ficava ali a dois passos. Pois foi como não lá estivesse. Imperdoável. Havia outros jogos,pelo que não deu para la ir espreitar.

OS ALLOTMENTS DE NEWCASTLE UPON TYNE

Com as suas estufas e estufins. Mr. Culley dizia que só o dinheiro que faziam com a venda da salsa dava para o aluguer. Também os havia noutras cidades do Reino Unido,que bem o mostra o Live Search Maps. O mesmo acontece,pelo menos,na Alemanha. Um cheirinho a campo na paisagem urbana. O sonho de alguns urbanistas.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

TOWN MOOR DE NEWCASTLE UPON TYNE

Quase um milagre. A poucos metros do centro da cidade,uma área relvada de cerca de 400 hectares,com vaquinhas a pastar. Uma espécie de baldio,mantido há séculos. Um privilégio das populações.

ESPECIALIDADE LÁ DA CASA

Aquelas papas de aveia(porridge) eram de comer e de chorar por mais. Uma muito agradável,e proveitosa,surpresa. Eram a especialidade lá da casa.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O BADALAR DOS SINOS

Naquela algidez das manhãs de Domingo,naquela bruma leve,alimentada pelo teimoso fumegar das chaminés,naquele silêncio das ruas,o badalar dos sinos tinha qualquer coisa de irreal,apelando ao sonho.

DARLINGTON

Estar em Newcastle upon Tyne e não ir a Darlington,em condado vizinho,seria imperdoável. E isso por duas notáveis razões. É que a primeira linha de caminho de ferro pública ligou Darlington a Stockton,em 1825. Depois,estava em exposição,numa plataforma da estação,a Locomotion nº1,de George Stephenson,usada nessa viagem.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

UM TELEGRAMA

Naquela circunstância de há muitos anos,era um telegrama o meio mais indicado para dizer que se estava vivo. Mas era domingo e só uma estação de correios se encontrava de serviço. Como mudam os tempos.

LIVROS

Adquirira muitos livros,pelo que não pôde levar todos. Depois,diria para onde mandar os que tinham ficado enchendo um caixote. Mas a vida deu muitas voltas,pelo que os livros por lá ficaram.

domingo, 31 de janeiro de 2010

POR AÍ ALÉM

A pressa para começar a trabalhar era muita,por achar ser curto o tempo de que dispunha para fazer o que pensara. Não foi de estranhar,pois,o que ouviu,numa visita. Ainda não chegou aqui há quinze dias,e já queria ir por aí além.

TELEGRAMA URGENTE

Era uma dezena de departamentos e o edifício tinha um porteiro. Certo dia,um telegrama urgente vai parar às mãos do porteiro. Está aqui este telegrama,deve ser para si.

sábado, 30 de janeiro de 2010

PORTUGAL PLACE

Havia por lá muitas outras praças,mas doutros países não se deu conta.

PROVAS

Olha quem estava ali. Era um colega a uma mesa,acompanhado do seu orientador. No dia seguinte,iria prestar provas. Uma garrafa estava a refrescar. Parecia aquilo uma comemoração antecipada. Não se enganaram.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A DOIS PASSOS

O gosto,o prazer, que eu tinha de ir falar com o senhor,pois o que li dele foi-me muito útil,e não só a mim. Estou agora aqui,pode dizer-se, a dois passos lá donde ele trabalha. Mas isso nada me adianta,pois não me deixavam entrar.

NO CHÃO

Era preciso um divã. Não se preocupasse,comprava-se. Nem pensar nisso,que a casinha custou-me muito para a arranjar,e com o caruncho não brinco. Falta um divã? Cedo o meu. E depois,onde é que dorme? No chão. É que lá na minha terra faço montanhismo,pelo que já estou habituado.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

CONTA GOTAS

Era capaz de ser o quarto mais frio,uma água-furtada, lá da "guest house". Sem lareira,era quase como estar na rua. Havia,é certo,um calorífero,que trabalhava, com inserção de moedas, a conta gotas,o que não lembrava ao diabo. Ao fim dum curto tempo,apagava-se. A cabeça dava conta,acordando. Ela ja sabia,pelo que se munia de uma pilha de moedas. Também era fornecido um saco de água quente,que não era lá de muita confiança. Enfim,coisas que acontecem.

STUDENT PUDIM

Se os pratos não agradavam,não se ficava com fome. Aquele leite integral,quer dizer,sem gordura corrigida,e aquele student pudim, chegavam muito bem.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

CUP OF TEA

E numa tarde, houve tempo para pagar a visita. Não estava,e era capaz de demorar. Ocasião para tomar uma cup of tea.

TYNE BRIDGE

Uma ponte que Rosa Mota não esquecerá. É que a percorreu por duas vezes,em 1985 e 1990, a caminho da vitória.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

PORTAS ABERTAS

Era visita a não perder. Um submarino não se dispõe a ser bisbilhotado em cada cais. E ali estava um, de portas abertas, em águas do Tyne.

VARIADA MANCHA VERDE

Então,já foi visitar o Dene?,era a pergunta que a velhota não se fartava de fazer. O Dene era uma das salas de visitas lá da terra,uma variada mancha verde. E ela,com tanta vontade de o percorrer,mas as pernas não estavam para isso.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

EM EXPOSIÇÃO

Coitadas das velhotas,ali encerradas por tempos infindos,sem poder deitar as brancas cabeças de fora. Mas mal as coisas melhoraram,trouxeram-nas para a varanda ampla,ali ficando como em exposição. Era lá que recebiam as visitas de fim de semana.

VIDRO

O pior não era a neve que atapetava as ruas. O pior era o gelo,parecendo vidro,que depois se formava. Ai de quem não soubesse equilibrar-se nos deslises.

domingo, 24 de janeiro de 2010

SINAL DE SI

A neve tinha caído em abundânca,mas não estava tudo branco. Algumas vaquinhas,muito juntas,elas lá saberiam porquê,davam sinal de si. Para elas irem fazendo pela vida,tinham-lhes deixado um monte de fardos de feno.

ESCAPE ABERTO

Faziam bicha,eles e elas,junto à loja de peixe frito e de batata frita. Vinham de mota,de escape aberto. E ali ficavam,sentados,de pé,comendo com sofreguidão,lambendo os dedos. Confortados,debandavam,deixando um rasto de gases,de ruídos,de risadas,e,acima de tudo,de vida.

sábado, 23 de janeiro de 2010

O INTRUSO

Era o render da guarda no Palácio de Buckingham,ocasião para tirar fotografias. Acontece,porém,o inesperado. O pára-sol da objectiva,sem pedir licença,atravessa o gradeamento e vai pousar no pátio. Uma pequena mancha negra,um corpo estranho,talvez explosivo,podiam pensar,era bem visível.E agora? O mais atilado seria abandonar aquele lugar. Entretanto,um polícia aproxima-se. É avisado. Atenciosamente,com um sorriso,curva-se,apanha o intruso,devolvendo-o. Simples,nada do que se temera.

PRONÚNCIA

Num "bus".Era o cobrador. Central Station. Numa ocasião,foi obrigado a repetição por algumas vezes,até sair correcta pronúncia,quer dizer,"centrl",e não "central". O que ele gozou.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

UM BRINCALHÃO

Num "bus",bem visível nos dois lados,em caracteres garrafais,lia-se o apelo - Pede-se a intervenção dos passageiros no caso do cobrador ser assaltado. Um brincalhão fez alterações num dos lados,com cortes e acrescentos - Pede-se a intervenção dos passageiros no caso da cobradora ser assaltada pelo condutor. Deve esclarecer-se que a cidade ramificava-se por uma vasta área,pelo que havia zonas muito isoladas.

NOVO EDIL

Discutia-se a contratação de um novo edil,numa nova modalidade. Tinham de alargar os cordões à bolsa. Não faltava a uma sessão. Estava reformado da sua actividade,mas não estava dispensado dos seus deveres de cidadão.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

DE VALIA

Defesa Civil do Território. Muito o velhote se orgulhava dos serviços que prestara. Teriam sido de valia,que as paredes da sala de estar bem o atestavam.

LEITURAS

Um "convite" para leitor de português. Nem pensar,que as leituras eram outras. Tendo aceite,o que teria acontecido? Um desastre? Um mudar de linha?

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

UM IMPREVISTO

Convite para um "party", à noite,nos arrabaldes. Ainda se meteu no autocarro,ainda bateu à porta,mas só ficou à entrada. Deixou o dinheiro a que se tinha comprometido,para as bebidas,e,pretextando um qualquer imprevisto,não entrou.

A PROFESSORA

Ainda bem que o velhote não dispensava o "pub",onde se reunia com os amigos. Assim,a velhota só tinha o hóspede com quem falar. O que ele ganhou com isso. A professora não lhe levava nada.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O SEU TEMPO

Na pensão,roupa não era com eles. Assim,antes de se conhecerem os cantos da Casa,houve uma tentativa de resolver o problema no quarto. Para isso,era necessário arranjar "washing powder". Mas para na loja se fazer entender, levou o seu tempo.

O RECADO

A tristeza da senhora. Então,lá na sua terra é fácil arranjar quem ajude nos trabalhos de casa? Era ela,coitada,com mais de setenta, que tinha,na sua, de dar conta de quase todo o recado.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

OBRIGAÇÕES

Obrigações são para se cumprirem. Assim,passou-se pela Polícia a dizer que se estava lá,e,uma segunda vez,a solicitar prolongamento.

MARINHA MERCANTE PORTUGUESA

Uma das especialidades de Newcastle upon Tyne é,como se sabe,a construção naval. Não admira,pois,que tivesse ido encontrar as paredes do gabinete do Consul de Portugal revestidas com imagens de barcos da marinha mercante portuguesa ali construídos.

domingo, 17 de janeiro de 2010

OS TEMPOS ERAM OUTROS

Eram ainda bem visíveis,aqui e ali,restos,muito degradados,e sem utilização,dos tempos da arrancada da revolução industrial,os "slums". Não demoraria que essas manchas desaparecessem,que os tempos eram outros.

CONSERTOS

Reparações,nas casas,em aparelhos? Nem pensar. Era melhor comprar coisa nova. Assim,não era de admirar que as mães aconselhassem as filhas a casar com quem soubesse de consertos. Também não era de admirar que nos fins de semana se formassem bichas às portas de casas com coisas de remendar.

sábado, 16 de janeiro de 2010

EM CIMA DA BANCADA

Ora ali estava a indicação de um artigo que lhe interessava ler. Na biblioteca do departamento não o encontrou,e também na Central. Aqui,preencheu um documento dizendo o que pretendia e onde trabalhava. Uma manhã,foi encontrar em cima da bancada uma fotocópia desse artigo.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

CASUALIDADE MUITO REMOTA

Muito aquela máquina fotográfica trabalhou,não sabendo para onde mais se virar. Foi nos Cheviot Hills,muito em especial em Otterburn e Bellingham. Teria ficado com pena de não lá se demorar,mas havia horários a cumprir. Uma casualidade muito remota aquele encontro de dois colegas que já se não viam há uns bons anos. Para não mais esquecer.

UMA DESGRAÇA

Onde vai você a correr? Deixe-me lá,estou aqui que não posso. Era um moço interessado em saber mais coisas sobre o petróleo. Lá no sítio que me calhou, só o chefe é que eu entendo. Todos os outros é uma desgraça. Quero chegar a casa o mais depressa para abrir a televisão. Ali,sim,entendo o que eles dizem.

O FIGURÃO

Ainda bem que tens máquina fotográfica. Vou-te dar dois rolos para depois me tirares as fotografias que eu gostaria de mandar lá para a terra. O figurão que ele por lá fez. Não falhou um aparelho,com ele sentado ao comando,mesmo que não o tivesse utilizado ainda.

MAIS RICO

Olha lá,andas com dinheiro nos bolsos? Sim,uns tostões. Não importa. Vai já depositá-los,que,assim,ficas mais rico,por via do juro.

DE BRAÇOS ABERTOS

Era ali o banco para o qual tinha sido mandado o dinheiro que ele muito precisava de receber. Pois apanhou com um redondo não por não ter lá conta. Podiam ter-se lembrado de o convidar para cliente,mas não estariam para aí virados,vá-se lá saber porquê. Teve de ir bater a outra porta,onde foi recebido de braços abertos,talvez por ter lá depositado meia dúzia de tostões.

A FESTA

Lá para onde ia,iriam pedir fotografias,pelo que o melhor era já estar fornecido. Era uma segunda-feira,o dia a seguir às farras de fim de semana. Estava a casa cheia. A atender,um casal jovem. E ali,à vista de plateia atenta,a festa não havia meio de acabar

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

DESCE E SOBE

http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20602013&sid=aWwqW0dGCMMc

CASOS EXOTÉRMICOS E ENDOTÉRMICOS

http://antoine.frostburg.edu/chem/senese/101/thermo/faq/exothermic-endothermic-examples.shtml

IA FICAR A SER O PRIMEIRO

Ainda bem que o encontro. Tenho acompanhado a sua actividade e quero dar-lhe os meus parabéns. Só há um que o bate. Eu sei. Mas esse vai em breve reformar-se. Que alívio. Enfim,ia ficar a ser o primeiro.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

"SE EU ME LEVO COMIGO"

"Erros meus,má fortuna,amor ardente". Tudo se conjugou para um longo peregrinar,por perto,lá por longe,muito longe. Umas vezes,fugindo,outras, escondendo-se. Mas "De que me serve fugir da morte,dor e perigo,se eu me levo comigo?". Certo dia,teria vindo refugiar-se em lugar humilde. Lá está,em modesto largo,uma placa a assinalá-lo. Quem iria dar com ele ali? Chegar-lhe-ia lá,a toda a hora, o cheiro fresco do seu Tejo,do rio das suas Tágides. Talvez um barquinho lhe valesse,se,acaso,fosse avisado a tempo de que perigo rondava. Lá se escaparia,rio abaixo,ou rio acima,guiado por uma ninfa,sua amiga. "Aquela cativa,que me tem cativo,porque nela vivo já não quer que viva".

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

INCENTIVOS AO LONGO DE UM PERCURSO

Negativos(de oficiais do mesmo ofício)

É pegar ou largar. O que o espera é não passar da entrada toda uma vida. Fica de fora,paciência,calhará noutra vez. Aquilo estava já ultrapassado,cheirava a velho. Era escusado vir em auxílio,pois chegava para ele. Ao tempo que isso já lá vai e só agora é que aparece coisa escrita. Estaria com receios? Olha o músico de uma nota só. Afinal o que está para aí,já outros o fizeram. O que o salvou foi ter andado por lá,porque,não sendo assim, estaria aviado. Com este sol,está-se mesmo a ver que andou a trabalhar para o boneco. Afinal,isto não ata nem desata,continua tudo na mesma. A casa às moscas. O silêncio. Os trabalhinhos. Nice question. Uma pena não poder ir até lá,mas o cofre estava vazio. Olha o atrevido,a querer invadir os meus domínios. Assim não estou a gostar,de modo que o que estás a precisar é de que te fechem a porta. Foi o diabo. E quando o diabo se mete,é mesmo o diabo.

Positivos(de oficiais de outros ofícios)

Vai em bom caminho. Uma coisa lhe posso garantir,você gosta mesmo do que faz. Não sabia que gostavas tanto disso. Agradeço o ter passado por lá. Depois,raramente me bateu à porta. Que pena perder-se um tão esperançoso trabalhador.

domingo, 10 de janeiro de 2010

UM MILAGRE

Querer ganhar,ou vencer,é uma coisa. Mas querer fazê-lo de qualquer maneira,fazendo disso uma questão de vida ou de morte, é outra muito diferente,a precisar de médico. Estando essa disposição muito espalhada, será uma coisa muito grave,com cara de não ter tratamento capaz. E então,só um milagre.

sábado, 9 de janeiro de 2010

UNS SÁBIOS

Sim,pode ser isso que acabou de dizer,mas também pode ser outra coisa. Sabe,há muitos factores em jogo,alguns,até,desconhecidos,que o sistema é complexo,pois que de diversas vidas se trata. É difícil,arriscado mesmo,dar uma resposta concreta,ajustada,sem se terem feito experiências.Este senhor,coitado,deve saber muito pouco,sempre com hesitações,sem uma indicação precisa,imediata,ali na ponta da língua. Não presta,em suma.Não é assim que procedem tantos,aqui,ali,em qualquer lugar. Têm logo ali,pronta para servir,ainda a fumegar,a resposta,a solução definitiva. Como a arranjaram,assim tão depressa? Muito simples,tão simples,que até uma criança era capaz. Leram ali,leram acolá,e já está. Não importa que a circunstância seja muito outra. Nem sabem,ou sabem,mas não ligam,que a circunstância é que dita,é que comanda. Uns sábios,em suma.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

MESMA DE SEMPRE

Teriam morrido de pé porque eram árvores. Tatava-se de duas fiadas de ramalhudas amoreiras,formando túnel,que aluviões sustentavam. Vieram substituí-las esguios choupos ,incapazes de fazer o mesmo. Naquela altura, estavam ainda nus,mas bem depressa se vestiriam de densa follhagem,que o tempo disso se aproximava e a terra era a mesma de sempre.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

PRONTO E PRESENTE

O professor marcava faltas. O que se ouvia,esmagadoramente,era pronto ou presente. Pois é,o pior era aquele p,a iniciar um e outro,aquele falso,que só servia para atrapalhar uma pessoa. E não só ele,havia,e há,ainda outros falsos,com o b,e também,o c. Uns falsos todos,uns traiçoeiros. Deviam todos desaparecer,mas eles não estão para isso,de resto,têm muitos para os defender.Oh senhor professor,tenha pena de mim. Desculpe,mas eu não gosto do p,e de outros,também,mas,agora,o que importa é o p. Quando for caso doutros,eu venho cá ter com o senhor professor,novamente. Mas,agora,é mesmo só o p,desculpe,repetir. É que o p atraiçoa-me,não gosto dele,cá por coisas,não vale a pena estar para aqui a incomodá-lo. Oh,homem,diga lá,que eu sou todo ouvidos. O que é que o apoquenta,que eu já estou com pena de si?O p,senhor professor,o p atraiçoa-me. Quando eu chamo por ele,faz-se de mouco. Está a ver?,de mouco. O engraçadinho. E não vem,e não vem. Grita ele,lá de dentro,chama outro,não estou para te aturar. E isto,já de há muito,nem já me lembro quando começou. Olhe,senhor professor,venho lhe pedir para o trocar por outro. Mas já agora,estou-me a lembrar,e se o senhor professor me dispensasse de abrir boca? Eu, sempre que vier, sento-me ali na primeira fila. O senhor professor,quando das faltas,olha para lá,para essa fila. Se eu lá não estiver,marca-me falta. É simples. Não custa nada. Concorda? Concordo. Que alívio,senhor professor,muito e muito obrigado. Creia que nunca mais o esqueço. Muito obrigado,para sempre.

OS OUTROS QUE ESPEREM

Já repararam nalgumas sumidades que por aí andam,ao pé da porta ou lá por longe,pavoneando-se como em parada triunfal,de recolher os aplausos? Devem ter reparado,porque elas fazem-se ao reparo,pondo-se ali mesmo bem na frente do vulgar peão,ocupando os pimeiros lugares das primeiras filas.E devem ter reparado no ar pomposo que exibem,nos olhares sobranceiros,de desprezo,de desdém,que se dignam lançar,na voz engrossada que soltam,uma voz doutorizada,no peito que salienta,quase a rebentar.É caso para perguntar. O que é que elas fizeram para bem das gentes,da humanidade,de ao pé da porta ou da que se encontra lá mais longe,para assim se mostrarem tão sublimes? Examinando,mesmo à lupa,não se nota coisa que o vulgar peão não soubesse fazer também.Quando muito,umas vagas intenções,umas promessas ôcas. O que se nota bem é o que fizeram por eles. Sim,é que,em primeiro lugar,estamos nós. Os outros que esperem.

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SAFA

Já se não viam há muito tempo,pelo que estiveram ali um bom bocado à conversa. Quase a terminar,um deles lembrou-se de uma notícia recente e de alto significado. Então,o que dizes do convite que fulano recebeu?Mal dissera o nome do convidado,o outro raspou-se logo,como se quisesse fugir a sete pés de algum perigosíssimo bicho,ou, quem sabe?,do mafarrico em pessoa. E quando o fez,soltou um safa com tal carga de repúdio,que deixou o companheiro meio atordoado,sem disposição para pedir um esclarecimento.É bem certo que santos da casa não fazem milagres. É bem certo que não há pessoas que valham para o seu criado de quarto. É bem certo que em certos cantos não é o mérito que conta. É bem certo que nos mesmos cantos não são as ideias,mas as pessoas que importa discutir. Coitado,é careca,um rente ao chão,veste mal,está sempre a tossir,não gosta de telenovelas,não vai ao futebol,... Não presta,em suma.Vá lá para onde o quiserem,que cá não faz falta. Faça-lhes bom proveito,a ele e a quem o convidou. Era o mínimo que se podia ouvir. Mas nem isso. Safa.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

UM SACO CHEIO

Era um pai que tinha quatro filhos. Na sua casa ,o vinho,o azeite,a carne,o pão e outras coisas de comer, davam para partilhar e vender. Acontecia que,de quando em vez,passava por lá um moço pobre,de quem a mulher tinha muita pena,pelo que nunca se esquecia,às despedidas,de lhe aviar um saco cheio.
O moço estudava. E os filhos daquele pai, não. O estudo rendia, e o moço,coitado,não resistia a mostrá-lo. Não se lhe podia levar a mal,pois não?,se era essa a sua única riqueza? Pois do que se havia,um dia,de lembrar aquele pai? Olha lá,tu não tens pena de ser tão feio?

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

MUITO QUIETINHO

A ser verdade o que o velho esteve para ali a contar,ele deve ter passado um muito mau bocado,em certo passo da sua vida. É que participou na criação de um posto médico. Os trabalhos,e aflições,que aquilo lhe deu,tanto mais que ele também tinha de estudar.Para começar,a escolha do esculápio. Estiveram vários interessados no anúncio que saiu nos jornais. A vida estava difícil,sabem. Um sarilho, que não há meio de se ir embora. Mas só um é que podia ficar,claro. A escolha parece ter sido acertada,pois entrou novo,e disse adeus quando já era quase um velhinho. Os outros é que não estiveram pelos ajustes.E choveram cartas,algumas de má catadura,até com ameaças disto e daquilo. Mais um sarilho,dos grandes. O moço não sabia onde se meter,e ele que tinha tanto para estudar. Felizmente que os preteridos tinham também a sua vida,pelo que se foram esquecendo,a pouco e pouco. Mas o caso esteve feio.Além do médico,houve as compras a fazer,marquesa,armário,mesa,cadeiras,primeiros socorros,coisas assim. Pois foi o moço que disso se encarregou. Podia ter nascido aqui outra encrenca,por não se ter feito concurso. Não lhe foi difícil,porém, esta tarefa,visto ter batido a uma porta de nome bem sonante,já muito batida nestes fornecimentos.Depois,para compor o ramalhete,uma pessoa muito importante não ficou nada satisfeita com o andamento da doença do filho. A constipação não havia meio de curar e a culpa era do médico. Quis levá-lo a tribunal.Outro sarilho,para o médico e para ele.Enfim,quando se viu livre daquela função,nem queria acreditar. Vá la uma pessoa querer ser útil. O melhor é ficar lá muito quietinho ,num canto muito escondido,de maneira a não darem por ele.

domingo, 3 de janeiro de 2010

TALVEZ CONFORMAR-SE

Estava em maré de se fazer ouvir. A inspiração visitara-o e à sua volta havia muitas orelhas ávidas de histórias da vida dos outros. Tratava-se de revelar alguns episódios da sua,dos tempos recentes. Coitado ,era para ter pena dele.A filha arranjara um rico marido. Trabalhar, não era com ele. Instalara-se lá em casa,com todas as armas e bagagens,fazendo vida de grande senhor. Não largava a cama,embalado por música de acordar os mortos. Os vizinhos protestavam,mas era o mesmo que nada. Ninguém o arrancava do fofo,e era o velho que se tinha de desembaraçar,se não tê-lo-ia à perna,que o menino não era para brincadeiras. Parecia ser ele o dono lá da casa e lá do bairro.Alguém,que ele bem conhecia,não estava ligando a esta história,talvez por já a saber de cor e ir ,também, com as suas preocupações. E interveio,avisando-o. Olha,vai-te mas é preparando,pois consta para aí que os passes sociais estão por um fio.Que me importa isso a mim?Tu sabes que eu tenho lá na terra uma casita e uns pedacinhos. Pois qualquer dia, mudo-me para lá. Livrava-me do genro e de outras coisas. Os que cá ficarem que se governem. Salve-se quem puder.Dali a uns dias, foi visto,de manhã,a carregar um pesado saco. Mudava-o,a cada passo,de mão, e a livre apoiava-se nas costas. Aquilo era demais. Ia de cabeça baixa,talvez a fazer projectos. Estaria farto e decidido a dar o salto. Afinal,não deu. Alguma coisa deve ter acontecido. Talvez conformar-se.

sábado, 2 de janeiro de 2010

A MINORIA VENCEU

O moço,naquela altura,já era engenheiro. A acrescentar a isto,exibia a fitinha de aspirante a oficial miliciano. Um dia,quem é que o diabo lhe havia de pôr mesmo ali à sua frente? Precisamente,uma antiga namorada,que,entretanto, se casara. Vinha ela com duas meninas,as suas filhas.Passaram a encontrar-se. A terra era pequena e o caso alimentava conversas. Ela,talvez deslumbrada com os atavios do moço,parecia estar disposta a voltar atrás. O marido era um modesto empregado de loja.Os colegas do moço,naturalmemte,também entraram nos mexericos,formando,a propósito,dois partidos. Um, apoiava o idílio,e o outro,em clara minoria,queria acabar com ele,e já.Esgrimiam-se razões. Um homem tinha de aproveitar,caso contrário,o que restaria dele? Porque era um homem,e dadas as circunstâncias,ele devia pôr ponto final. Ela era mãe. Ele estava abusando da sua "superioridade".O moço hesitava,via-se entre dois fogos. Finalmente,decidiu. A minoria venceu.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

MEDONHA ALGAZARRA

Coitada da velhota. Já lhe tinham voado os dentes e a voz era entaramelada. Vivia de biscates e colaborava na animação da terra. Neste entretém,tinha a ajuda de garotos. Estavam ela e eles combinados. Quando aquilo estava a caminhar para a pasmaceira,resolviam intervir. A coisa era
fácil,pelo que dispensavam-se ensaios.
Chamava-se Ana,simplesmente. Era,pelo menos,a este nome que ela acudia. Mas os miúdos completraram-no,ficando, para todo o sempre, Ana Balhana. Não foi uma coisa ao acaso,pois assim dava-lhes jeito para comporem uns versos. E era numa medonha algazarra,atrás dela,que os recitavam. As correrias que a boa da velhota fazia para simular agarrar um deles. No contrato,
figurava a impunidade.