terça-feira, 17 de março de 2009

FLORBELA ESPANCA VISTA POR JOSÉ RÉGIO

"...Assim sempre quis mais,não podendo contentar-se com nada que tivesse - por isso nada chegou a ter : ninguém chega a ter o com que se não contenta. Florbela não era dos que nascem para ter. "Ter é tardar", disse Fernando Pessoa,erguendo neste verso a bandeira dos pobres por opulência. E Mário de Sá-Carneiro : " Morro à míngua - de excesso." Florbela não tardou,não teve. Morreu à míngua - de excesso. Então,por uma reviravolta do Prisma,tem o que afinal sonhara menina :

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo!

O seu nome é hoje glorioso,e a sua glória não é das que duram o dia em que nascem."

FLORBELA ESPANCA
Sonetos
35ª Edição
Bertrand Editora
2005

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