terça-feira, 30 de setembro de 2008

A PREÇO DE SALDO

Já ia alta a manhã,mas ainda estava frio. A feira dava os últimos ares da sua muita graça. O piso dos arruamentos,de contornos irregulares,ao Deus dará,estava numa lástima,por causa da chuva de véspera. Aqui e ali viam-se restos de fogueiras. De madrugada,que ali levantavam-se cedo,devia ter estado de bater o queixo.
Junto a toldos,assavam-se e serviam-se frangos.Mesas não havia. Também se dispensavam,que aquela gente não era de cerimónias. As mãos e as bocas não se puderam lavar,que água corrente só lá na vila.
Ainda houve tempo de mercar dois chapéus de chuva a preço de saldo. Quem se livrara deles precisava de se despachar,pois tinha de ir armar banca noutra terra. Andava a semana num virote,com apenas um dia de descanso,para se ir fornecer.
Enquanto se era novo é que se tinha de dar. As suas cores despertavam inveja,mas a barriga não,de muito saliente,talvez da cerveja. Duas filhitas,louras como trigo maduro,nã o largavam,a pedir umas moedas para guloseimas.
A vila,lá muito em cima,alargara-se,com sinais de que morava ali outra gente. Talvez nem lá residissem. As novas casas estavam ali para os receber pelas férias ou pelo Natal,ou então para quando voltassem de vez,que alguns quereriam lá acabar,onde havia feiras como deviam ser.

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