quinta-feira, 25 de setembro de 2008

REQUIEM POR MIM

Coimbra,10 de Dezembro de 1993

Aproxima-se o fim.
E tenho pena de acabar assim,
Em vez de natureza consumada,
Ruína humana.
Inválido do corpo
E tolhido da alma.
Morto em todos os órgãos e sentidos.
Longo foi o caminho e desmedidos
Os sonhos que nele tive.
Mas ninguém vive
Contra as leis do destino.
E o destino não quis
Que eu me cumprisse como porfiei,
E caísse de pé,num desafio.
Rio feliz a ir de encontro ao mar
Desaguar,
E,em largo oceano,eternizar
O seu esplendor torrencial de rio.

MIGUEL TORGA
DIÁRIO XVI
Gráfica de Coimbra
Dezembro de 1993

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