O tio António andava ali que já não podia mais. Estivera muito mal do coração,coitado dele,mas recuperara,e achava-se muito capaz de voltar lá para a sua terra,onde estava a fazer muita falta. É que a sua vinha enchera-se de erva,o que não podia acontecer,pois lá se iria parte da comida que o solo dava para outras bocas.
Mas olhe que fica por lá sozinho. Sozinho tinha andado ele,a bem dizer,toda a sua comprida vida. Não era,naquela altura,com os oitenta e oito a espreitarem,que haveria de ter receios. Não se importassem,que ele não se atrapalharia,saberia cuidar dele.
A sua burrinha já marchara,por não ter suportado ausência tão arrastada,mas a vinha ficava perto lá da casa,pelo que eram as caminhadas uns meros passeios.
Era assim,o tio João,homem de trabalho toda uma vida,órfão bem cedo,muito cheio de vontade de chegar aos cem,e mesmo ultrapassá-los,que a sua vinha precisava muito dele,e ele dela,pelo que se haveriam de arranjar,sem ajudas de mais ninguém. Estava ali fazendo muita falta a burrinha,mas paciência,pois não se pode contrariar o que tem de ser.
sábado, 4 de abril de 2009
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