quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

BENDITA BROA

Andou lá por muito longe a comer pão que o diabo amassou,mas em boa hora. E não parecia à partida. Nem roupa,nem calçado capazes para levar ele tinha,tal era a carestia. Para tirar uma fotografia,que servisse de lembrança,teve de pedir emprestado,por uns momentos,o indispensável,senão o que haviam de pensar? Mas este é um maltrapilho. Não era,mas andava por perto.
Pois a vida lá correu-lhe de feição. Era um moço rijo. Papara muita broa e muito caldo verde. Alguém disse que é a melhor sopa do mundo,desde que nada lhe falte,claro. Não enjeitou qualquer trabalho,mas onde mais permaneceu foi em florestas,abatendo árvores. Poucos se atreviam a desempenhar tal tarefa em locais de clima agreste,como foi o seu caso. Acabava uma empreitada,pegava logo noutra. Era um frenesim,a aproveitar a maré. Isto,durante uns bons pares de anos.
Voltou rico,numa altura em que o dinheiro escasseava. E agora,o que vou fazer com ele? Analfabeto partira,analfabeto regressara. Não foi preciso repetir. Dois ou três o ouviram,gente letrada e honrada,ficando todos a beneficiar. Bendita broa e bendito caldo verde.

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