segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

NEM ESTÔMAGO, NEM CORAÇÃO

Dava jeito aquele biscate,pois sempre eram uns cobres a somar a outros cobres. Tratava-se de fazer de advogado de defesa de gente apanhada com a boca na botija. Podiam recorrer os infractores,ou assim julgados,na esperança de apanhar uma pena mais leve ou mesmo serem mandados em paz,para ganharem juízo.
E era aqui que ele entrava. Mas como provar que farinha de trigo não ficara convivendo com farinha de milho,que no leite não se tinha dissolvido carbonato de sódio,que óleo de amendoim não marcava presença em azeite de primeira,que vinho branco não fora convertido em tinto,como por milagre,isto,só para referir algumas maldades?
Uma valente carga de trabalhos,de aflições,de risos amarelos,e sabe-se lá mais o quê. Lá conseguiu,porém, atenuar os castigos e até um perdão.
Mas ele,coitado,não tinha estômago,nem coração, para suportar uma coisa daquelas. Teve,assim,de desistir,dar baixa,com muita mágoa,está-se mesmo a ver porquê.

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