A vida pregara-lhe grossa partida. Tivera um começo sem dificudades,mas com o casamento as coisas complicaram-se,dando mesmo para o torto. Nunca o teria imaginado. Mas quem poderia adivinhar,se nada,aparentemente,o indicava,antes o contrário? O marido não tivera culpa,coitado. São os azares da vida. Batem à porta,sem avisar,desencadeados por forças mais ou menos misteriosas,de que é impossivel escapar sem intervenção lá do alto. O que é preciso é uma pessoa resignar-se,e esperar por dias melhores. A seguir à borrasca vem a bonança,porque o diabo nem sempre está atrás da porta.
As coisas não melhoraram para ela,infelizmente,pois era merecedora de lhe ter cabido sorte risonha. Mas nunca perdera a esperança. Havia também a certeza de que uma vez por outra,por vias familiares,ser-lhe-ia permitido ter momentos largos com um algum cheirinho dos que tivera nos seus tempos de menina mimada. Não era a mesma coisa,claro,mas dava para recompor um pouco. Podia trazer-lhe isso alguma tristeza,porque lhe lembraria o que perdera. Se tal aconteceu,lá no íntimo,não se via,nem ela o diria. Vivia essas esporádicas ocasiões de fartura e despreocupação com naturalidade,tal como nunca as tivesse deixado.
A esperança transferiu-a ela para os filhos. Podia acontecer neles o que lhe coubera em menina e que se fora por uma fatalidade. Adquirira,talvez,a certeza de que seria esse o futuro,embora o não pudese viver.
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