domingo, 3 de maio de 2009

TEXTOS DE UM ACASO - 11

Ele nunca tivera jeito para jardins,mas em certo troço do seu percurso não teve outro remédio senão tomar conta de um. O patrão não era muito exigente e na altura não lhe apareceu outra saída melhor. Lá se desembaraçou como pôde,apelando a habilidades um tanto escondidas. Valeu-lhe,também,a ajuda de alguns colaboradores,um dos quais parecia ter nascido para tal função.
Dava gosto ver o jardim,a ponto de o patrão lá levar,um dia,muita gente,que se desfez em elogios,à excepção de um má língua,que achou tudo aquilo já fora de moda,já ultrapassado. Enfim,ossos de qualquer ofício. O que é preciso é uma pessoa não se deixar abalar com as críticas e,se for caso disso,aproveitar delas alguma coisa.
Passado pouco tempo,ele viu a vida do jardim andar para trás. É que,quase sem aviso prévio,o patrão levou-lhe o auxiliar principal. E levou-lhe,pela simples razão de os jardins lhe terem subido à cabeça. Havia de arranjar um outro,em local mais apropriado,segundo o seu entender. E como daquela arte quase nada percebia,lá pensou que o melhor era ter a seu lado alguém para aquilo nascido.
Serviu este perda para ele fazer uma grande reforma no seu jardim. Não encontrou entraves de espécie nenhuma,pois o patrão pegara-se de amores com o novo,deixando-o à vontade. A coisa foi a tal ponto que acabou com a jardinagem. Para isso,deve ter cotribuído a tal crítica,de que nunca se esquecera,vindo de quem viera.

Sem comentários: