Num primeiro andar,havia festa rija. Música a condizer ouvia-se bem lá fora e,naquele ambiente escaldante,alguns parzinhos sentiam necessidade de dar largas às suas paixões. Para isso,aproveitavam uma varanda,exposta à curiosidade de quem se encontrava no largo fronteiro,onde pontificava um respeitável marquês.
Naquele tempo,era aquilo um procedimento indecoroso,de gente sem vergonha. Os parzinhos formariam bicha,pois o espaço era acanhado. O marquês não os podia ver,mas daria conta do que se estava passando,por os atrevidos não primarem pela discrição. Tratava-se,sem dúvida,de uma desconsideração sem nome. Coitado dele,para o que estava guardado.
Mas o que podia fazer ele,se lá onde o tinham posto era incapaz de se mexer? É que estavam a precisar de um sermão de alguém com autoridade,como era o seu caso,apelando à decência. Aquilo eram coisas que não se deviam fazer numa praça pública,e muito menos naquela,uma muito séria sala de visitas.
Além do marquês,havia mais gente no largo,mas todos plebeus. Talvez por isso,deu-lhes para intromissões em alta voz. Mas foi o mesmo que nada. Estavam cegos e surdos os parzinhos,que não pararam de se revezarem,até de madrugada. Seria demais,naqueles atrasados tempos,se actuassem à luz do dia.
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
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