Fora visitá-la. Era uma senhora já de muita idade,acamada há largos meses. Devia-lhe muito,uma dívida muito antiga. Tinha sido,pode dizer-se,uma sua segunda mãe. Mas isso já lá ia há um ror de tempo,talvez ela nem já se lembrasse. Mas mesmo assim,nunca ele se tinha esquecido. Ha coisas que nunca esquecem,ou não deviam ser esquecidas.
O que é que lhe havia de dizer? Não queria que aquele encontro,que podia ser o último,estivesse povoado de tristezas. Recordar-lhe momentos de festa que ela proporcionara seria uma boa saída. E foi o que fez.
Via-se que ela ficara um tanto admirada. Não esperaria. Mas bem depresssa aceitou,com satisfação,aquela franqueza,aquela fraqueza,colaborando e recordando factos que se supunha estarem esquecidos. O prazer que aquilo lhe deu,até parece ter ganho novo alento.
Estava ali um que lhe mostrava reconhecimento,ao contrário de outros,que fugiam de o manifestar. Com isto,ter-lhe-ia dado mais uma justificação para a sua longa vida,que não teria sido em vão. Prestes a encetar a tal viagem,estava ali aquele a lembrar-lhe que tinha sido amiga. Podia morrer descansada. Morreu,de facto,pouco depois. Parecia ter demorado,à espera daquela visita.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
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