domingo, 30 de novembro de 2008

UM BOM CASAMENTO

Era mesmo parecido com a mãe. Entre outros jeitos,dela lhe ficara o de não enjeitar gente de pouca consideração. Quantas vezes a vira à conversa,por largo tempo,com uma velhota que vivia de recados. Lá se entretinham não se sabia bem com quê,mas o certo é que nem uma nem outra mostrava enfado.

Ia lá por casa,também,uma moça um tanto atrasada,mas que se encarregava,a contento,aqui e ali,de vários serviços. A doença, ou lá o que era,parecia ter resultado de maus hábitos dos pais,que abusariam da pinga. Coxeava,e trazia,quase sempre,os olhos muito inflamados. De feitio tristonho,a mãe procurava alegrá-la ,incutindo-lhe esperança num bom casamento. Pode lá ser,senhora. Ela ficava,porém,muito satisfeita,estado que raramente a visitava. Coitada dela,fugia dos rapazes,como se fosse do demónio.

Pois ele herdara da mãe esta faceta. Não é que os procurasse,mas eles aproximavam-se ,talvez por sentirem que não seriam enxotados. Enchia-se de paciência para os atender. Pelo menos,com estes não teria surpresas. Não havia ali segundas intenções,apenas uma necessidade vital de companhia.

Sem comentários: