"...,mas o que o Ribatejo é de facto,na sua parte mais característica e mais bela,que é a banhada pelas águas espraiadas do grande rio fecundante e transbordante,matando periódicamente,com abundância por vezes excessiva,a sêde da terra,é um nateiro fericíssimo,pingue de culturas,de prados verdes ensopados de água,com grandes toalhas líquidas e plácidas onde se espelham os choupos e os salgueiros que matisam a planície e dão élan religioso à horizontalidade extrema da campina. Uma coisa,porém,é vê-lo no verão,com a restolhada adusta dos trigais ceifados,outra na primavera,em que é uma grande planura verdejante,luminosa e húmida,e outra finalmente no inverno,em que as águas do Tejo invadem tudo,chegando a cobrir 50.000 hectares de superfície dum mar interior imóvel,donde emergem,como ilhas de bruma,as copas dos arvoredos. Contemplar uma cheia do alto das Portas do Sol em Santarém ou da Senhora do Pranto na Chamusca é um dos espectáculos mais singulares de Portugal...."
RAÚL PROENÇA
Guia de Portugal 2º Volume
Biblioteca Nacional de Lisboa
1927
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
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