segunda-feira, 20 de outubro de 2008

MEIO-DIA

Céu baço. Quente quebranto
se espalha,no longe,enquanto
cantam cigarras à roda...

E parou-se a vida toda;
porque o Sol tudo queimou.
Só,no ar quente,pairou
um negro corvo e poisou
sobre o montado sangrando,
nos troncos rudes despidos...

Redobram roucos zumbidos
de moscardos que passando,
em cega-rega.adormecem;
entorpecendo os sentidos...

... Sobre os meus olhos cansados
e cerrados
há véus de chamas que descem...

FRANCISCO BUGALHO
Alentejo Não Tem Sombra
Eugénio de Andrade
Edições ASA
2002

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