quarta-feira, 1 de outubro de 2008

VONTADE

O rapaz prometia,assim lhes tinha dito o mestre-escola lá da aldeia. O que é que os pais haviam de fazer? Pois se o filho podia vir a ser mais do que eles ,então era pôr mãos à obra.
O comboio passava-lhe mesmo ali ao pé da porta. Era só levantar de madrugada e ir apanhá-lo. Muita gente acordava com as estrelas para ir para as fazendas ou para as fábricas. Ele ia para o liceu. Sempre parecia ser melhor. A viagem era de graça por o pai trabalhar na Companhia. O almoço e a merenda iam na cesta. Apenas ele tinha de estudar. E aqui residia a dificuldade.
Cada professor supunha ser a sua disciplina a mais importante,pelo que a matéria a decorar ou a compreeeder formava uma montanha, As viagens eram também longas e barulhentas. Chegava a dormir ns aulas,coitado. Mas a vontade era muita. As notas nunca andaram lá muito por cima,mas chegaram para não ficar para trás. Se tivesse tido vida folgada,outro galo teria cantado.
Mas não foi caso único naquela altura. Os irmãos trabalhavam no campo,à jorna. Parecia ser este igualmente o seu destino. Estava escrito,porém,que não seria assim. Alguém resolveu investir nele,tinha o moço já quinze anos. Isso não o perturbou. Em três anos fez os sete da conta. Também lhe vinha de casa o farnel,que ele ia buscar todos os sábados a um sítio certo.
Muito custa a vida para alguns,sobretudo quando se metem em cavalarias altas.

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