Muito longe estava o miúdo de pensar que um dia havia de entrar muitas vezes naquele casarão. Nem olhava bem para ele. Devia ser da laia da rampa que lhe estava mesmo em frente. Lá em baixo habitavam lobisomens. Eram capazes,até,de o visitar.
Assim,quando por ali passava,e tinha de ser quase todos os dias,pois ficava no caminho da escola,era sempre a correr,não fossem os tais bichos maus agarrá-lo para o levar lá para o escuro buraco.
Pois quando mais crescidinho,tendo perdido o medo aos lobisomens,entrou lá muitas vezes. É que havia lá muitos livros,daqueles de muitas aventuras,como os de Dumas ou de Terrail. Depois,as paredes da sala atraíam também, por causa de quadros que lá se viam. De dois,nunca mais se esqueceu,um vitelo lindo do Tomás da Anunciação e uma senhora baixinha,sentada ao piano,com muita gente à volta. A saia cobria-lhe os pés. O busto,para equilibrar, estava muito desguarnecido.
Mas as voltas que uma vida dá. Como de uma rejeição se passou quase a uma paixão.
domingo, 12 de outubro de 2008
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