quarta-feira, 1 de outubro de 2008

TOADA DE PORTALEGRE

...
E era então que sucedia
Que em Portalegre,cidade
Do Alto Alentejo,cercada
De serras,ventos,penhascos,oliveiras e sobreiros,
Aos pés lá da casa velha
Cheia de maus e bons cheiros
Das casas que têm história,
Cheia da ténue,mas viva,obsediante memória,
De antigas gentes e traças,
Cheia de sol nas vidraças
E de escuro nos recantos ,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos,
- A minha acácia crescia.

Vento soão!,obrigado
Pela doce companhia
Que em teu hálito empestado,
Sem eu sonhar,me chegava!
E a cada raminho novo
Que a tenra acácia deitava,
Será loucura!...,mas era
Uma alegria
Na longa e negra apatia
Daquela miséria extrema
Em que eu vivia,
E vivera,
Como se fizera um poema,
Ou se um filho me nascera.

JOSÉ RÉGIO

Antologia Poética
edições quasi 1ªEdição,Setembro 2005

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