A mãe resignara-se. Sabia que não tinha outro remédio. As crianças precisavam de praia,mas não lhas podia dar. O marido,coitado,dificilmente conseguia acudir às necessidades primárias. Muito coisa fazia ele já. Houve uma altura em que esta incapacidade a entristecia. Familiares e conhecidos mais abonados tinham essa possibilidade. Ouvia as narrações das temporadas de férias passadas junto ao mar. E ela,calada,sem poder também contar a sua experiência. Muito sofre uma pobre mãe.
Consolava-a a certeza de não estar sozinha na desdita. Quantas mães,a maioria,afinal,a acompanhavam nesse transe. Sempre a mesma vida,ao longo de anos,sem uma pausa,por pequena que fosse,a dar algum alento para o resto das duras caminhadas. Paciência. Que nunca faltasse o dinheiro para o essencial,a casa,o comer e o vestir. O pior eram as doenças. Felizmente que havia um médico amigo,de honorários simbólicos e de receituários modestos,em que,frequentemente,intervinham mezinhas caseiras. As mazelas também não passavam,geralmente,do trivial.
Tudo,porém, lá vai passando,umas vezes,melhor,outras,pior. O que é preciso é um pouco de imaginação para transformar pequenos nadas em grandes acontecimentos,satisfazendo-se com ninharias. De resto,o ontem já não existe e o amanhã,de que ninguém é dono,pode trazer muitas surpresas agradáveis.
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