domingo, 18 de janeiro de 2009

DE PÉ

Bastava ele. Só uma ou outra vez se viu acolitado. Sempre de pasta,uma pasta preta,já muito gata,como ele,onde trazia o Livro,e demais auxiliares do seu apostolado incansável,teimoso.
A volta que dava era um estirão de respeito,que era assim que tinha de ser,que o "peixe" andava arredio. Parecia ser isso demasiado para a sua idade,pois os cem aproximavam-se a passos largos. A figura era magra,branca. Sempre de passo lento,repousado,lá ia cumprindo a sua missão,de olhos bem abertos,todo entregue à descoberta de alguém a necessitar de salvação.
Na rede,quantas vezes nada encontrava. Mas nunca desanimava,persistindo sempre. No dia seguinte,mais propriamente na manhã seguinte,teria mais sorte. E quando assim era,não se sentava ao lado de quem lhe dava atenção. Ficava de pé,e de pé expunha as suas verdades,e de pé usava o Livro,o seu apoio por excelência,o seu mundo. O Livro o alimentava,o Livro lhe dava energia para continuar de pé,sem um aparente desfalecimento.
Foi capaz de ter passado para o lado de lá,o lado que ele conhecia de cor e salteado,de pé,como as árvores,das quais se diz que morrem assim, de pé.

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