quarta-feira, 24 de junho de 2009

VER AS MONTRAS

Olá,mestre barbeiro,que belo carro o senhor arranjou,já não era sem tempo,os meus parabéns pelo bom gosto. Mas eu não tenho carro,nunca tive. Olhe,desculpe,foi engano,mas quem ia ao volante era mesmo a sua cara,ia jurar.
Não sou de luxos. Para quê carro?,só dão despesas,e a vida não está para isso. Para viajar,tenho as pernas,que ainda estão boas, e os transportes,que é o que não falta par aí. Para ir lá à terrinha,tenho o comboio,que me leva quase lá.
A terrinha,a sua santa terrinha,donde abalara era ele ainda moço. Ia lá todos os anos,pelas vindimas,ver se ainda lá estavam uns pedacitos que fora comprando a pouco e pouco,e que trazia de renda,pois não tinham ainda faltado quem as quisesse arrendar.
Do país,conhecia as ruas lá do bairro onde acabara por se instalar com a sua barbearia já lá iam uns bons anos,ruas que ele percorria aos fins de semana,a ver as montras. Depois,para se entreter,à noite,tinha lá a televisão,que chegava muito bem,além de jornais,claro,sobretudo,desportivos,para ter conversa lá com os fregueses.

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